É cedo para dizer como o impasse EUA-Rússia afetará a América Latina, segundo a Moody’s

Ainda é prematuro dizer se a atual tensão entre EUA e Rússia sobre a Ucrânia causará impactos econômicos específicos na América Latina e no Caribe, segundo uma especialista da agência de classificação de risco Moody’s.

“Esperamos que uma incursão imediata resulte na imposição de sanções à Rússia e a chave serão os setores impactados e o grau de coordenação entre os países envolvidos”, disse à BNamericas durante uma sessão de mídia Marianna Waltz, diretora de classificação e pesquisa da América Latina da Moody’s Investor Service.

Após a decisão da Rússia de reconhecer a independência de duas regiões do leste da Ucrânia mantidas por rebeldes apoiados por Moscou, os EUA e a UE responderam com sanções financeiras.

Um dos movimentos mais significativos foi feito pelo chanceler alemão Olaf Scholz, que ordenou a suspensão do processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, cuja construção foi concluída no ano passado. O gasoduto, que percorre mais de 1.200 km sob o Mar Báltico até a costa do norte da Alemanha, foi projetado para transportar até 55 bilhões de metros cúbicos por ano de gás russo para a Europa.

Isso levou a um aumento nos preços do gás natural na terça-feira, o que provavelmente afetará a América Latina em algum momento.

Diante disso, Waltz disse que os preços da energia são o elo provável entre a situação do Leste Europeu e da América Latina, especialmente em países onde a geração de energia e a exploração de petróleo e gás são peças-chave da estrutura econômica.

No entanto, ela destacou que fatores como os crescentes investimentos da China na região – que passaram agora da extração de commodities para infraestrutura, comunicações e energia –, em combinação com o aumento das taxas de juros, terão maior probabilidade de impactar a economia latino-americana no curto prazo, em vez das tensões na Europa.