Economia brasileira desacelera à medida que as taxas de juros afetam o crescimento

A economia brasileira está desacelerando à medida que o ciclo de aperto monetário começa a afetar o crescimento doméstico.

O PIB do país cresceu 0,4% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (1) – percentual abaixo dos 0,7% esperados pelos analistas.

Em comparação, o crescimento sequencial foi de 1,0% no segundo trimestre e de 1,3% no primeiro trimestre deste ano.

Em relação ao terceiro trimestre de 2021, o crescimento do PIB foi de 3,6%, enquanto a expansão interanual nos primeiros nove meses do ano foi de 3,2%, informou o IBGE.

“Vimos a desaceleração econômica ganhar força no terceiro trimestre. A tendência é semelhante para os próximos trimestres e não espero uma contração econômica no quarto trimestre deste ano”, afirmou à BNamericas Luciano Rostagno, estrategista-chefe para América Latina do Banco Mizuho do Brasil.

Rostagno estima que o PIB crescerá 2,9% no ano, enquanto em 2023 a economia crescerá apenas 1%.

Uma das principais razões para a desaceleração são os efeitos defasados das altas agressivas das taxas de juros realizadas pelo Banco Central do Brasil (BC). A taxa Selic, que no início do ano passado era de apenas 2,00%, agora está em 13,75%, como resultado dos esforços da autoridade monetária para conter a inflação.

Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os juros altos figuraram entre os cinco maiores problemas do terceiro trimestre do ano para 13 dos 24 setores industriais analisados.

“A Selic permanece nesse patamar, mas os efeitos da mudança significativa do seu nível têm sido gradualmente mais percebidos pelos empresários, tornando-se um problema cada vez mais relevante para muitos setores da indústria de transformação”, disse em nota o analista econômico da CNI, Marcelo Azevedo.

Mesmo com os juros já pesando na atividade econômica, o BC só deverá fazer um corte na taxa básica em meados de 2023, buscando ter mais clareza sobre os planos fiscais do novo governo e se suas planos poderão gerar novas pressões inflacionárias.