EDF Renewables desiste de projeto solar de 145 MW na Colômbia

A EDF Renewables retirou-se de um projeto solar de 145 MW, no centro da Colômbia, em meio a atrasos na autorização, e a uma “perspectiva incerta” no país andino, disse a multinacional francesa, na quinta-feira (05).

Em comunicado, a empresa disse que a decisão se baseou principalmente nos gargalos de licenciamento do projeto em Girardot, departamento de Cundinamarca.

“Devido a atrasos significativos em liberações e licenças ambientais por parte de entidades locais, a EDF Renewables e seus parceiros decidiram se retirar do [projecto] de energia Girardot”, diz o comunicado.

A empresa com sede em Paris recebeu contratos de compra de energia de longo prazo para o projeto em leilão de eletricidade proveniente de fontes renováveis não convencionais, em 2021.

Além dos atrasos no licenciamento, a EDF disse que a viabilidade do projeto foi afetada por alterações fiscais e regulamentares.

Além de impor novas taxas aos geradores solares e eólicos, o presidente Gustavo Petro assinou, no início deste ano, uma série de decretos que reduzem a autonomia do regulador do setor Creg e abrem caminho para o governo modificar as tarifas de eletricidade.

“Esta situação também foi consequência das mudanças regulatórias e fiscais que ocorreram desde a realização do leilão”, disse a EDF Renewables. “Entre elas estão a reforma tributária que impactou a rentabilidade dos empreendimentos e [alterações na] lei 1.715 de promoção de energias renováveis.

“Da mesma forma, o contexto macroeconômico, com aumentos nas taxas de juro e volatilidade na taxa de câmbio, tornaram o processo ainda mais difícil.”

O anúncio de quinta-feira segue uma decisão tomada pela italiana Enel, em maio, de suspender indefinidamente seu parque eólico Windpeshi, de 205 MW, no departamento colombiano de La Guajira, devido à oposição da comunidade.

De acordo com a associação de energia renovável SER Colômbia, cerca de dois terços dos projetos solares e eólicos do país, previstos para 2023 e 2024, estão atrasados.

A EDF Renovables apontou que os desenvolvedores ainda não colocaram on-line um único projeto solar ou eólico com contratos atribuídos em leilões colombianos em 2019 e 2021.

“Esta não é apenas uma desvantagem competitiva para o país em comparação com outras nações da região, mas também apresenta um panorama de incerteza face ao fenômeno El Niño que se aproxima”, acrescentou a empresa.

O Ministério de Minas e Energia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.