
Empresa estatal de energia nuclear da Argentina reage após críticas a contrato com a China

A Nucleoeléctrica Argentina, empresa estatal de energia nuclear, defendeu um contrato pronto para uso de US$ 8,3 bilhões assinado com a empresa chinesa de eletricidade, a China National Nuclear Corporation.
Autoridades emitiram um comunicado depois que um grupo de ex-ministros de Energia criticou na semana passada o governo de centro-esquerda do presidente Alberto Fernández por avançar o projeto da província de Buenos Aires sem antes realizar e divulgar os resultados de estudos detalhados de viabilidade.
“Esta decisão [de construir o projeto] é respaldada por mais de uma década de análise e trabalho e está enquadrada em uma tradição de 70 anos de excelência no desenvolvimento nuclear nacional, em linha com uma tendência global de apoiar a energia nuclear como fonte de energia limpa e segura para combater as mudanças climáticas”, disse a Nucleoeléctrica.
A assinatura do contrato tipo “chave na mão” foi “o primeiro passo de um processo que exigirá o cumprimento das regras nacionais em vigor”, informa o comunicado. Os próximos passos envolvem o trabalho em áreas como justificativa legal, avaliação de impacto ambiental, financiamento, contratos de fornecimento de combustível e transferência de tecnologia e licenças setoriais.
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O trabalho no projeto Atucha III, de 1,2 GW e financiado pela China – que usaria urânio enriquecido como combustível e água leve para resfriamento –, está programado para começar até o final do ano.
O preço por kW da usina pode chegar a US$ 13.500, tornando-a uma das mais caras já construídas no país, disseram os ex-ministros.
O reator proposto, de tipo HPR1000, está entre os dez projetos prioritários de um acordo de cooperação China-Argentina.
Argentina e China estão em negociações sobre usinas nucleares há mais de uma década. Durante o período vários negócios e ofertas foram feitos, mas as obras reais ainda não começaram.
Ex-ministros que criticaram o último negócio e a falta de insumos produzidos nacionalmente, segundo a Nucleoeléctrica, estão entre os responsáveis pelo encerramento da produção doméstica de urânio natural e pela inação sobre o fechamento de uma instalação de produção de água pesada, o que resultou no país ter que importar estes insumos para suas três usinas existentes: Atucha I (362 MW), Atucha II (745 MW) e Embalse (656 MW).
A Nucleoeléctrica, sob seu plano estratégico 2021-30 – aprovado pelo atual governo –, também está trabalhando nos planos para uma nova unidade de Candu e uma extensão de 24 anos para Atucha I, além de reviver o protótipo do projeto doméstico de reator Carem, de 25 MW.
Em comunicado separado, a comissão nuclear nacional da Argentina, CNEA, proprietária do projeto Carem, disse que “tomou a decisão de iniciar a usina industrial de água pesada, um ativo estratégico central para avançar nesse caminho tecnológico”.
Todas as três usinas existentes usam água pesada para resfriamento e urânio natural como combustível.
CAPACIDADE INSTALADA
Em dezembro, a capacidade total instalada na Argentina era de 42,9 GW. As usinas movidas a combustíveis fósseis representaram 25,4 GW, as hidrelétricas 10,8 GW, as energias renováveis não convencionais (ERNC) 5,0 GW e as usinas nucleares 1,76 GW.
GERAÇÃO
A geração líquida de energia na Argentina em dezembro foi de 12.911 GWh, um aumento de 1,3% em relação ao ano anterior, segundo dados da Cammesa, administradora do mercado atacadista de energia.
As usinas térmicas representaram 8.374 GWh, as hidrelétricas 1.961 GWh, as usinas ERNC 1.551 GWh e as unidades nucleares 1.025 GWh.
Em julho, as três usinas nucleares geraram 1.101 GWh, um recorde mensal para a tecnologia, informou a Nucleoeléctrica.
REQUISITOS DE INVESTIMENTO
Um relatório de 2018 produzido pelo governo argentino e pela academia, com auxílio do BID, e denominado “Escenarios Energéticos Argentina 2040”, disse que o país precisa aumentar a capacidade de geração de energia para um mínimo de 85,5 GW até 2040, o que exigiria bilhões de dólares em investimentos.
Na foto: o núcleo de um reator nuclear. Fonte: AFP
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