Empresa israelense de biometria busca novos contratos com bancos e telcos da América Latina

A empresa de biometria israelense BioCatch está em busca de oportunidades de crescimento na América Latina, em meio ao aumento no número de fraudes digitais e à demanda por recursos de segurança aprimorados por parte dos principais bancos de varejo e operadoras de telecomunicações devido às fraudes usando inteligência artificial (IA).

“Hoje temos mais de 180 bancos na nossa base de clientes e cerca de 1,8 bilhão de dispositivos segurados. A América Latina tem sido um importante vetor desse crescimento e temos a meta de dobrar de tamanho no Brasil este ano”, destacou à BNamericas Arnaldo Thomaz Neto, country manager da BioCatch no Brasil.

Em seu último ano fiscal, encerrado em novembro de 2023, a empresa registrou US$ 100 milhões em receita recorrente anual, um aumento de 49% em relação ao ano anterior.

Na América Latina, esse crescimento foi de 61%. A região encerrou o período respondendo por mais de 30% da receita recorrente global da BioCatch.

Com sede em Tel Aviv e em Nova York, a empresa afirma ser especialista em detecção de fraude digital e lavagem de dinheiro por meio de biometria comportamental.

A tecnologia combina a biometria tradicional com padrões de comportamento humano, como velocidade de digitação, padrões de deslizamento e cliques do mouse, a fim de detectar possíveis fraudes, golpes e atividades cibercriminosas, segundo a empresa.

Fundada em 2011, a companhia está presente em 14 países. Na América Latina, seus principais mercados são México, Colômbia e Chile.

Porém, sua operação no Brasil ainda é relativamente pequena. Parte do objetivo de Neto é ampliar seu mercado na maior economia da América Latina e intensificar os serviços prestados às instituições financeiras do país, disse ele.

Neto já foi funcionário dos bancos Bradesco e Itaú, e das empresas de tecnologia IBM, Oracle e Netscout, entre outras.

No geral, os bancos brasileiros deverão investir cerca de R$ 47 bilhões (US$ 9,1 bilhões) em tecnologia este ano, um aumento de 21% em relação a 2022, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A maior parte dos recursos iria para a segurança cibernética, seguida por nuvem e IA.

Atualmente, a BioCatch está investindo na contratação de novos profissionais comerciais e analistas na América Latina, segundo Neto.

Em todo o mundo, as soluções da BioCatch são utilizadas para proteger mais de 350 milhões de clientes bancários e mais de 9 bilhões de sessões mensais de usuários.

No último ano fiscal, a empresa afirmou ter adicionado 78 novos clientes à sua base de clientes, incluindo 29 dos maiores bancos de varejo do mundo em termos de ativos.

A Biocatch também afirma oferecer seus produtos a um dos três maiores fornecedores de telecomunicações.

Neto não deu detalhes sobre seus clientes na região, mas afirmou que a lista inclui alguns dos maiores bancos. Globalmente, a empresa tende a ser muito discreta em relação à sua base de clientes.

AMEAÇAS DA IA

Um grande foco da empresa é o aumento dos golpes com IA.

Em um relatório recente sobre fraudes e crimes financeiros centrados na IA, a BioCatch afirmou que quase 70% dos 600 responsáveis pelos departamentos de gestão de fraudes, combate à lavagem de dinheiro, riscos e compliance entrevistados afirmaram que “os criminosos são mais adeptos ao uso da inteligência artificial para cometer crimes financeiros do que os bancos para usar a tecnologia para impedi-los”.

A maioria dos entrevistados também disse que sua organização está repensando o uso da verificação por voz para grandes clientes devido às capacidades de clonagem de voz da IA, de acordo com a BioCatch.

Além disso, mais de 70% dos participantes relataram que sua empresa identificou o uso de “identidades sintéticas” ao integrar novos clientes no ano passado.

“A inteligência artificial pode potencializar todos os golpes do planeta”, concluiu Tom Peacock, diretor de inteligência global contra fraudes da BioCatch, em um comunicado.