Empresas brasileiras de TIC buscam capitalização em meio a necessidades de fluxo de caixa e investimento

Empresas brasileiras de diversos setores do cenário de TIC continuam buscando capitalização por meio de diversos instrumentos financeiros, em meio a um cenário de crescente competição, demanda por fluxo de caixa e necessidades de investimento.

Nos últimos dias, dois agentes importantes do segmento anunciaram novos esforços para levantar capital.

A diretoria da Desktop, terceira maior ISP do país em acessos, aprovou a emissão de 250 milhões de reais (US$ 45,9 mi) em notas promissórias comerciais, cujos recursos serão utilizados para fluxo de caixa geral, bem como para refinanciamento e extensão de seu perfil da dívida.

A Desktop abriu seu capital no ano passado, com um IPO na B3, no qual levantou R$ 715 milhões. A empresa comprou vários ISPs desde então, três deles em dezembro.

A WDC Networks , por sua vez, disse que pretende captar R$ 5 milhões em uma nova oferta pública de ações ordinárias, operação coordenada pelo BTG Pactual.

A empresa, que oferece acesso e soluções óticas para telecomunicações e ISPs, levantou R$ 450 milhões com um IPO em julho do ano passado.

A WDC Networks reportou vendas consolidadas de aproximadamente R$ 1,46 bilhão em 2021, um aumento anual de 45,5%, em números financeiros pré-auditados.

VALUATION

Dado o alto nível de movimentação do setor de ISPs, a consultoria de negócios IT Investimentos, especialista em M&A e captação de recursos para o setor de ISPs, lançou uma “calculadora online” destinada a estimar seu valor de mercado.

A ferramenta fornece um valuation aproximado, que considera informações como localização do provedor, número de gateways de internet instalados e tamanho da base de clientes.

A IT Investimentos disse que a calculadora pode ser usada por ISPs em negociações de M&A.

Atualmente, a IT Investimentos afirma estar trabalhando em 30 negócios de M&A no setor de telecomunicações.

A empresa espera que 2022 seja mais um ano movimentado, dando continuidade à onda de consolidação observada no país nos últimos três anos.

Em 2021, a consultoria disse que assessorou negócios no valor de, aproximadamente, R$ 2,5 bilhões.

INVESTIMENTOS AGITADOS

O setor das TICs registou uma atividade intensa em termos de IPOs, consolidação e investimentos de private equity e venture capital em 2021, embora se espere que a tendência de IPOs seja menos intensa este ano devido ao ambiente macroeconômico desafiador e à proximidade das eleições.

Os investimentos de fundos de private equity e venture capital em empresas brasileiras chegaram a R$ 53,8 bilhões em 2021, um aumento de 128% em relação a 2020, segundo levantamento da KPMG e da associação brasileira de private equity e venture capital (ABVCAP).

Considerando apenas os investimentos em empresas de TI, comunicação ou mídia, o total foi de R$ 6,6 bilhões.

O Transactional Track Record (TTR), por sua vez, registrou um total de 2,56 bilhões de transações (aumento de 51% ano a ano) no Brasil no ano passado, incluindo M&A, private equity, venture capital e negócios de aquisição de ativos. Ao todo, essas transações movimentaram R$ 596 bilhões, informou a empresa de pesquisa.

O setor de tecnologia foi o mais ativo, com 933 transações ao longo do ano, um aumento de 67%.

Somente no 4T22, cerca de 717 fusões e aquisições foram registradas, incluindo negócios anunciados e concluídos, para um valor total de R$ 190 bilhões.