Enami avança projeto de lítio e modernização da fundição em Paipote, no Chile

Apesar dos problemas financeiros, a estatal Enami continua com o seu plano de desenvolvimento mineiro no Chile, com projetos como Salares Altoandinos e a modernização da Fundação Hernán Videla Lira, ambos na região de Atacama.

Um eixo da estratégia nacional de lítio indica que as empresas públicas Codelco e Enami receberão contratos operacionais especiais (Ceol) para prospectar nas salinas e registrar seus recursos. O mandato visa reunir os antecedentes para gerar parcerias público-privadas em torno da exploração de lítio.

Para isso, foi criada a subsidiária Enami Litio para administrar um projeto de US$ 1,5 bilhão na área das salinas de La Isla, Aguilar, Las Parinas, Infieles e Grande, todas próximas umas das outras.

A exploração básica registou “um potencial de recurso de cerca de 1,7 milhões de toneladas (Mt) de lítio metálico, que se levarmos ao carbonato de lítio seria de 9 Mt. As salinas com maior potencial geológico são Aguilar e La Isla, esta última com teores de até 1.080 ppm a cerca de 27 metros de profundidade”, disse Nicolás Pacheco, gerente da Enami Litio em conferência organizada pela consultoria Vostock Capital essa semana.

Entretanto, os teores máximos no Salar de Aguilar foram de 814 ppm, tornando o local “uma das zonas mais atrativas do país para desenvolver um projeto de lítio”, acrescentou Pacheco.

A Enami já solicitou um Ceol ao Ministério das Minas, que ainda não foi concedido, e tem estudo ambiental preliminar avançado. Além disso, está estudando tecnologias de extração direta.

“Revisamos cerca de 38 tecnologias, assinamos acordos de confidencialidade com diversas empresas e estamos avançando na revisão exaustiva para realizar testes laboratoriais com as salmouras, entendendo que cada salmoura pode reagir de forma diferente às tecnologias”, explicou o executivo.

Entretanto, estão analisando alianças estratégicas através de reuniões com governos e empresas de produção mineira, criadores de tecnologia, fabricantes de componentes de baterias e consumidores no domínio da eletromobilidade, acrescentou Pacheco.

A Enami tem experiência em alianças público-privadas com respectiva participação de 10% nas operações de cobre Quebrada Blanca e Carmen de Andacollo, da australiana Teck, colaborou no desenvolvimento inicial de Los Pelambres, da Antofagasta Minerals, e possui outros negócios com a pequena, média e grande mineração.

Fundição Hernán Videla Lira (FHVL)

A estratégia para fortalecer a capacidade de fundição e refino no Chile, lançada pelo Ministério de Minas em julho, indica que a Enami deve liderar a modernização da FHVL, localizada na comuna de Paipote, para transformá-la em uma fundição moderna, rentável e com elevados padrões ambientais. 

Atualmente, a empresa tem em curso um estudo de impacto ambiental que espera entrar no sistema de avaliação para revisão em Novembro, indica um comunicado.

Seu vice-presidente executivo, Iván Mlynarz, anunciou esta semana uma reorganização de pessoal, incorporando engenheiros e especialistas em construção para coordenar os estudos de viabilidade.

Lidia Espinoza, engenheira de sustentabilidade da Enami, disse à BNamericas que “temos uma série de licenças para processar. Esperamos que durante a fase de licenciamento seja mantida a possibilidade de implementação das tecnologias desse projeto que busca atender à regulamentação de CO₂ no Chile, considerando também melhorias tecnológicas na área de refinaria”.

A contribuição da FHVL e da Enami para a indústria mineira do país é fundamental.

“Quando os pequenos mineradores vão ao banco pedir apoio financeiro, eles são negados. É a Enami que financia a pequena mineração, e também estamos no prospecto, na viabilidade, na preparação do projeto, na exploração, no processamento, na comercialização e nas questões ambientais e de segurança”, disse Mlynarz, no evento Vostock.

Com um portfólio de 42 prospectos, a Enami tem como objetivo ampliar sua presença.

“Procuramos os investimentos necessários para explorar e avançar nas diferentes etapas que são necessárias para materializar o negócio mineiro”, disse Antonio Videka, diretor de desenvolvimento mineiro da estatal, em outro evento de mineração.