Enel Chile indica que novas usinas fotovoltaicas estão fora dos planos por enquanto

A hibridização dos parques renováveis poderia ser um potencial motor de investimento para a Enel, maior geradora de energia do Chile, nos próximos anos, mas nova capacidade solar parece improvável.

A Enel já iniciou o processo, indicando recentemente que a hibridização era um plano da empresa.

Os sistemas híbridos alimentam a rede com eletricidade proveniente de duas ou mais fontes, apoiando a estabilidade do fornecimento e aproveitando a infraestrutura de ligação existente. A injeção de energia noturna a partir de baterias também dá às geradoras solares fotovoltaicas acesso a preços favoráveis no mercado spot.

“Em nosso plano, a partir de hoje, não esperamos nenhuma outra usina de energia solar”, disse o CEO da Enel Chile, Giuseppe Turchiarelli, em teleconferência de resultados do primeiro semestre de 2024.

Num cenário de queda nos custos de armazenamento de energia, com a Enel reportando o preço da bateria em cerca de US$ 1 milhão/MW – em comparação com cerca de US$ 700 mil a US$ 800 mil para energia solar fotovoltaica e cerca de US$ 1,6 milhão para energia eólica – a empresa poderia dobrar a aposta em armazenamento de energia para hibridizar mais o seu portfólio de energias renováveis.

A Enel conta com 1,09 GW de nova capacidade solar no norte no Chile, espalhada por quatro parques com datas de operação comercial aprovadas. São eles: Campos del Sol (375 MW), Valle del Sol (163 MW), Finis Terrae (145 MW) e Guanchoi de (398 MW). A empresa foi informada no ano passado que não precisaria passar por um processo de licenciamento separado para uma instalação planejada de 300 MWh em capacidade de baterias para Valle del Sol, de acordo com informações do banco de dados de projetos da BNamericas.

Entretanto, três usinas de energia renovável têm sistemas de armazenamento a baterias associados já ligados à rede: El Manzano (99 MW solar, 67 MW a bateria), Don Humberto (80 MW solar, 67 MW a bateria) e La Cabaña (106 MW eólica, 68 MW a bateria).

Em termos de outros projetos de hibridização, a Enel anunciou este mês o início das operações comerciais de um sistema solar fotovoltaico de 205 MW na região de Antofagasta, denominado Las Salinas, construído dentro da área do parque eólico Sierra Gorda Este, de 112 MW. Também lançou em 2022 o parque solar fotovoltaico Azabache, de 60 MW, na região de Antofagasta, construído dentro da área do parque eólico Valle de los Vientos, de 90 MW.

Outros projetos eólicos poderão avançar ao longo do processo de desenvolvimento, embora as empresas que visam zonas ao sul da capital Santiago, as quais tendem a ter perfis eólicos favoráveis e uma demanda já existente, possam enfrentar desafios em termos de licenciamento e desenvolvimento. Neste contexto, cresce o interesse no potencial da energia eólica offshore.

Enquanto isso, no final de junho, a capacidade instalada líquida da Enel era de 8,7 GW, com energia hidrelétrica representando 3,5 GW, solar 2,1 GW, turbina a gás de ciclo combinado 1,5 GW, eólica 0,9 GW, petróleo e outros 0,5 GW, bateria 0,2 GW e energia geotérmica. 0,1 GW.

Um objetivo estratégico da empresa é atingir 7,8 GW de energia renovável instalada e capacidade de armazenamento em 2026. No final de junho, a capacidade associada era de 6,8 GW.

Ainda este ano, a Enel deverá iniciar e concluir os testes de sua hidrelétrica a fio d'água El Cóndores, de 150 MW, em fase de construção na região de Maule. Sua construção começou em 2014

Um relatório de janeiro do Coordenador Elétrico Nacional do Chile (CEN) estima um crescimento médio anual da demanda por energia de 3,5% até 2028, em um cenário de demanda média, impulsionado por projetos de mineração, datacenters e usinas de dessalinização, entre outros. Em um cenário de modelagem, que considera um contexto de elevado crescimento da demanda e a produção de hidrogênio verde, espera-se que a demanda anual por energia na rede chilena até 2030 cresça na faixa de 3,3% a 6,0%.