Equador quer devolver hidrelétrica de US$ 3,4 bi com defeito para empreiteira chinesa

O Equador quer que a empreiteira chinesa Sinohydro, responsável pela construção da hidrelétrica Coca Codo Sinclair, assuma as operações da planta pelos próximos 30 anos e reembolse o Estado pelos investimentos feitos na usina, disse à BNamericas o ministro de Energia e Minas Fernando Santos.

Depois de um investimento público de mais de US$ 3,4 bilhões – financiado em parte por um empréstimo de US$ 1,68 bilhão do chinês Eximbank – e da construção de uma linha de transmissão de 500 kW de capacidade, Coca Codo Sinclair entrou em operação em 2016. 

Porém, até o momento, a maior hidrelétrica do país não atendeu aos critérios de recebimento de obras públicas devido às milhares de rachaduras encontradas em sua estrutura desde 2018, de acordo com um relatório da Controladoria-Geral apresentado à comissão de fiscalização da Assembleia Nacional. 

“Vamos conversar com a Sinohydro para tentar resolver o problema da Coca Codo Sinclair. A Sinohydro assumiria a operação da usina. Ela nos devolveria o que investimos, menos um desconto pelo que já gerou, e nós assinaríamos um contrato de fornecimento de energia a um preço comercial”, explicou Santos à BNamericas.

O presidente da comissão de fiscalização, Fernando Villavicencio, recomendou que o projeto não fosse certificado. Por telefone e mensagens de texto, o responsável afirmou à BNamericas que a usina tem “17.499 rachaduras irreparáveis” e que os rotores das turbinas 4 e 6 haviam sofrido um desgaste excessivo, enquanto o aço usado nos módulos das distribuidoras não é adequado para centrais hidrelétricas.

A usina foi construída para gerar 1.500 MW, mas produz apenas 800 MW, segundo dados do Ministério de Energia e Minas.

“Não há só a questão de gerar quase metade da sua capacidade, ela também está ameaçada pela erosão do rio Coca. É uma usina em altíssimo risco, por isso queremos transferi-la para a construtora”, contou Santos.

Ele acrescentou que a Sinohydro afirma ser capaz de consertar a hidrelétrica, devolver o investimento ao Estado e assinar PPAs. O governo, por sua vez, contratará um banco especializado para negociar o valor a ser reembolsado.

Segundo o ministro do Equador, o prestígio internacional da empreiteira estatal chinesa está em risco. “Os jornais mais importantes do mundo afirmam que esta é a maior obra fora da China e a mais malfeita”, disse ele.