Ericsson perde participação na América Latina em meio à concorrência e queda nos investimentos das operadoras

A concorrência e os investimentos abaixo do esperado das operadoras de telefonia móvel em redes continuam a impactar a fornecedora sueca de telecomunicações Ericsson na América Latina.

As vendas orgânicas anuais do grupo no terceiro trimestre na região e na Europa “cresceram 1%, já que o crescimento na Europa foi parcialmente compensado por uma queda na América Latina, onde tivemos algumas perdas de participação”, afirmou o CEO Börje Ekholm aos investidores em uma teleconferência sobre resultados.

A Ericsson reporta a Europa e a América Latina como uma única unidade de negócios.

Em termos reportados, as vendas no terceiro trimestre na Europa e na América Latina caíram 2% em relação ao ano anterior, totalizando 15,2 bilhões de coroas suecas (US$ 1,46 bilhão).

As vendas globais da Ericsson caíram 4% (reportadas) e 1% (orgânicas) no terceiro trimestre, atingindo 61,8 bilhões de coroas. O lucro líquido foi de 3,9 bilhões de coroas, em comparação com um prejuízo de 30,5 bilhões no ano anterior. 

“As vendas na Europa aumentaram ligeiramente, beneficiando-se de entregas fortes no trimestre, apesar de um ambiente de mercado desafiador contínuo. Na América Latina, as vendas diminuíram devido à concorrência crescente e aos menores investimentos das operadoras em redes”, informou a empresa em seu relatório de resultados.

A Ericsson ainda enxerga o mercado global de redes móveis como desafiador, mas apontou sinais de estabilização no setor e algumas melhorias no terceiro trimestre.

Entre elas estão os contratos conquistados na Índia e no Vietnã.

A empresa registrou um aumento de 55% nas vendas na América do Norte, impulsionado por um contrato recente com a AT&T que agora está entrando na fase de entrega, segundo a companhia.

APIs

Olhando para o futuro, a Ericsson está otimista com o "aumento do impulso dos clientes" em torno das redes programáveis, apoiado por uma joint venture anunciada com 12 das maiores operadoras de telecomunicações do mundo, incluindo grandes nomes da América Latina, como América Móvil e Telefónica.

Anunciada em setembro, a joint venture agregará interfaces de programação de aplicativos de rede (APIs) e espera-se que facilite o lançamento de serviços e aplicações 5G, possibilite novos casos de uso para empresas e abra novas fontes de receita para a indústria de telecomunicações.

As APIs de rede são interfaces abertas que permitem aos desenvolvedores acessar recursos específicos da rede e integrá-los em casos de uso.

A parceria foi fechada com América Móvil, AT&T, Bharti Airtel, Deutsche Telekom, Orange, Reliance Jio, Singtel, Telefónica, Telstra, T-Mobile, Verizon e Vodafone.

Todas essas operadoras, com o apoio da Ericsson, estão abrindo suas redes para desenvolvedores por meio de uma plataforma global de APIs.

REDES PRIVADAS

Outra aposta da empresa sueca é nas redes privadas.

Em um evento que celebrou seus 100 anos de operações no Brasil, no início deste mês, a empresa anunciou que levará ao país, a partir de 2025, suas soluções sem fio corporativas da Ericsson (EEWS), uma unidade dedicada ao segmento de conectividade industrial.

A subsidiária já opera em países como os EUA, México e algumas partes da Europa. Anteriormente, era chamada de Cradlepoint, uma empresa adquirida pela Ericsson em 2020 por US$ 1,1 bilhão.

Este ano, a Ericsson também comemorou 120 anos de operações no México.