Exportações de petróleo ganham destaque no comércio brasileiro

O petróleo e o gás estão se tornando cada vez mais importantes para o comércio brasileiro, desencadeando debates sobre o aumento da exploração.

O Brasil registrou um superávit comercial de US$ 27,7 bilhões de janeiro a abril, acima dos US$ 23,5 bilhões no mesmo período de 2023, com exportações totalizando US$ 109 bilhões e as importações US$ 81,1 bilhões, segundo as últimas cifras oficiais.

O principal produto de exportação foi a soja,  totalizando US$ 16,1 bilhões, abaixo dos US$ 18,4 bilhões dos primeiros quatro meses do ano passado e representando 14,8% das exportações, em comparação com 17,9% no ano anterior. Enquanto isso, o petróleo bruto representou 14,5%, acima de 11,9%, alcançando US$ 15,8 bilhões, em comparação com US$ 12,2 bilhões de janeiro a abril de 2023.

O volume de exportações de petróleo bruto aumentou 33,4% em relação ao ano anterior, mas os preços caíram 3%.

“Nas próximas semanas, o petróleo bruto ultrapassará a soja como produto mais exportado pelo Brasil, este é um nível sem precedentes. Isso provavelmente intensificará o debate entre alas do governo que defendem a aceleração da produção e exploração de petróleo e setores que defendem maior rigidez nas regulamentações ambientais do setor", disse à BNamericas José Augusto de Castro, presidente da presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB).

“Acredito que dentro do governo prevalecerá o viés mais favorável a práticas ambientais mais rigorosas, mas confesso que não é uma resposta fácil, pois o apelo econômico que advém da atividade petrolífera é bastante forte, uma vez está gerando muito recursos para o governo”, acrescentou Castro.

O aumento das exportações de petróleo bruto ocorre em meio a níveis recordes de produção de petróleo e gás.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou recentemente Magda Chambriard, que foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para substituir Jean Paul Prates no comando da Petrobras. Chambriard defende a exploração na Margem Equatorial geologicamente promissora, mas ambientalmente sensível, do país.

Grupos ambientais historicamente se opuseram não apenas à produção de petróleo e gás, mas também à produção de soja e de minério de ferro.

O minério de ferro é o terceiro item de exportação mais importante do país, atingindo US$ 10,4 bilhões de janeiro a abril, ante US$ 8,3 bilhões nos mesmos quatro meses do ano passado e representando 9,6% do total das exportações, em comparação com 8,1% no ano anterior.

SUPERÁVIT COMERCIAL MENOR

O superávit comercial do ano passado atingiu um recorde de US$ 98,8 bilhões. Mas "este ano ele deverá ficar entre US$ 80 bilhões e US$ 85 bilhões, isso porque as exportações de soja perderão força nos próximos meses, não repetindo o recorde do ano passado, e também porque as importações ganharão força, principalmente com o aumento dos produtos importados da China", pontuou Castro.

Para conter o rápido aumento das importações de aço da China, o Brasil impôs recentemente uma tarifa especial. Mas medidas mais agressivas são arriscadas, considerando que a China é o principal destino das exportações brasileiras. A China importou produtos no valor de US$ 33 bilhões do Brasil nos primeiros quatro meses do ano, seguida pelos Estados Unidos, com US$ 12,7 bilhões.

Em relação aos blocos comerciais, as exportações brasileiras para a União Europeia totalizaram US$ 14,3 bilhões e para o Mercosul – formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – US$ 5,9 bilhões.