Falta planejamento de infraestrutura de longo prazo no Chile, diz ex-ministro

O planejamento de infraestrutura do Chile carece de estratégias de longo prazo, capacitação profissional e capacidade institucional, o que prejudica o país em um contexto em que as questões internacionais terão um impacto crescente, segundo o ex-ministro de obras públicas Sergio Bitar.

“No caso do Chile, acredito que o pensamento de curto prazo toma conta de tudo, e houve um deslocamento de capacidades políticas e técnicas para fora do governo”, disse Bitar, que presidiu o Ministério de Obras Públicas (MOP) entre 2008 e 2010, disse durante um webinar.

Ele destacou que nenhuma das universidades do país oferece cursos em áreas que serão essenciais para o planejamento de infraestrutura no futuro, como inteligência artificial, e defendeu maior capacitação profissional no exterior enquanto isso.

“Quando você olha para o governo hoje em dia, não há capacidade para lidar com as complexidades da atual situação nacional e internacional”, disse ele durante um webinar de planejamento de infraestrutura organizado pelo think tank de infraestrutura CPI.

Acrescentou que o país carece de instituições capazes de levar a cabo planos de infraestruturas a longo prazo, mesmo em caso de substituição de autoridades como o ministro das Obras Públicas.

“As chaves estratégicas e os projetos já estão aí. O importante é conectá-los bem e direcioná-los em uma direção”, disse ele, ressaltando que muitas vezes os ministérios podem ter prioridades diferentes.

O planejamento de infraestrutura no Chile recentemente tem sido objeto de críticas devido à aparente letargia do governo em lançar licitações e aprovar licenças.

Na semana passada, o MOP lançou sua primeira licitação de concessão desde que o presidente Gabriel Boric assumiu o cargo, em março de 2022.

Essas críticas foram repetidas pelo ex-presidente e atual head da CPI, Eduardo Frei, que lembrou que o projeto da ponte Chacao foi anunciado há mais de 20 anos em sua gestão, mas ainda não foi concluído, enquanto no caso das linhas de transmissão de energia, os prazos de construção passaram de dois anos quando ele era presidente (1994-2000) para oito anos agora.

“O processo de licenciamento está nos matando”, sublinhou.