Fim das negociações entre Anglo American e BHP revela declínio de M&A em mineração

A Anglo American rejeitou a terceira e última proposta de aquisição pública da BHP por US$ 49 bilhões, confirmando uma tendência de queda nas fusões e aquisições (M&A) na indústria de mineração global.

A empresa sediada em Londres afirmou que as três ofertas em ações da BHP não corresponderam às suas expectativas econômicas e empresariais. Além disso, a separação da Anglo American Platinum e da Kumba Iron Ore na África do Sul, que seria parte do acordo, foi considerada muito arriscada, uma vez que o governo sul-africano é um dos seus maiores acionistas.

“As aprovações exigidas pela proposta da BHP resultariam na imposição de condições significativas que afetariam de maneira desproporcional o valor da Anglo American Platinum e da Kumba e, portanto, o valor entregue aos acionistas da Anglo American”, disse a empresa em um comunicado divulgado na quinta-feira.

TENDÊNCIAS DE M&A NA MINERAÇÃO

As transações de M&A na indústria de mineração global diminuíram 62% em valor no primeiro trimestre em comparação com o quarto trimestre de 2023, quando totalizaram US$ 32,8 bilhões, e foram 55% inferiores em relação ao primeiro trimestre de 2023, segundo a empresa de pesquisa de mercado GlobalData.

No primeiro trimestre de 2024, foram anunciados 299 acordos de M&A no valor de US$ 12,4 bilhões, indicou um relatório da GlobalData. A empresa russa Mangayeza Plus realizou a maior transação ao adquirir a produtora anglo-russa de ouro e prata Polymetal por US$ 3,7 bilhões.

O maior negócio do ano passado ocorreu quando a mineradora norte-americana Newmont comprou a mineradora de ouro australiana Newcrest por US$ 19,26 bilhões. Esse acontecimento foi seguido pela fusão de entre a Livent e a Allkem, no valor de US$ 10,6 bilhões, para criar a empresa de lítio Arcadium Lithium e a pela aquisição da Oz Minerals pela BHP, em uma operação US$ 6,4 bilhões com foco no aumento da produção de cobre e níquel.

No primeiro trimestre de 2023, a canadense Teck Resources rejeitou uma oferta de fusão da suíça Glencore, avaliada em US$ 22,5 bilhões. Enquanto isso, a Pan American adquiriu a Yamana Gold por US$ 4,8 bilhões e se tornou um player-chave no setor de metais preciosos.

Em todas as negociações, ficam evidentes as buscas por grandes sinergias, o fortalecimento da produção e a implementação de estratégias comerciais e geopolíticas em um contexto global de crescente demanda por minerais.

Até meados de maio, as fusões e aquisições propostas, pendentes, concluídas e encerradas na indústria de mineração haviam caído 12,5% em valor em relação ao ano anterior, para US$ 74,2 bilhões, de acordo com os dados da Bloomberg.