Fitch prevê tempos difíceis para o setor de telecomunicações da América Latina

O setor de telecomunicações da América Latina enfrenta uma perspectiva desfavorável devido a um ambiente de consumo enfraquecido e a um cenário de inflação e taxas de juros moderadas, mas ainda elevadas, de acordo com um relatório da Fitch.

A análise faz parte do relatório “Latin American 2023 Sector Credit Outlook”, publicado recentemente pela agência de classificação.

O ambiente macroeconômico desafiador coincide com a concorrência elevada na maioria dos mercados, resultando em pressões sobre a receita média por usuário (ARPU) e as margens Ebitda para as principais empresas de telecomunicações avaliadas na região, apontou a Fitch.

Para o segmento móvel, a agência espera uma migração contínua do modelo pré-pago para o pós-pago, à medida que as operadoras lidam com altas despesas de capital para a implantação da tecnologia de fiber-to-the-home (FTTH) e a transição do 4G para o 5G.

De todas as empresas de telecomunicações e operadoras avaliadas pela Fitch no momento da publicação, 55% tinham uma perspectiva de crédito estável, 20% tinham uma perspectiva negativa e apenas 5% tinham uma perspectiva positiva. As 20% restantes não tiveram perspectiva de rating ou observação atribuída pela agência.

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A empresa de telecomunicações com melhor classificação é a América Móvil, com “A-” e perspectiva positiva.

Em seguida vêm a Televisa (“BBB”, negativa), a Telefónica Móviles Chile (“BBB-”, estável), a chilena Entel (“BBB-”, negativa) e a Tigo Paraguai (“BB”, estável). A análise de ratings da Fitch para o relatório não incluiu a Telefônica Brasil ou a TIM, embora tenha incluído a empresa brasileira de telecomunicações Oi.

No México, as quatro principais empresas do segmento fixo enfrentam uma concorrência agressiva, o que permite que as operadoras menores aumentem sua participação de mercado, pontuou a Fitch, acrescentando que a situação competitiva poderá levar à queda da ARPU.

Segundo a agência, as incertezas macroeconômicas do país podem retardar a expansão das redes 5G.

As operadoras chilenas são “desafiadas por uma concorrência intensa e ‘margens Ebitda menos capex’ reduzidas”, o que limita sua capacidade de baixar os níveis de dívida. Enquanto isso, na Colômbia as pressões de crédito derivam de um ambiente de consumo fraco, da saturação do mercado e da pressão sobre os preços, que é agravada por altas taxas de juros e demandas de investimento, de acordo com a Fitch.

“Com a maior saturação do mercado móvel na região andina, o setor de telecomunicações da Colômbia tem experimentado intensa concorrência e despesas de capital significativas para atualizações da rede”, afirmou.

A Fitch projeta que a base de assinantes móveis no Brasil crescerá 1,5% este ano, e a de banda larga fixa, 5,9%. A previsão para o segmento fixo é a mais alta entre as seis maiores economias da região.

A agência espera que o México tenha o menor crescimento da base móvel em 2024, com uma expansão de 1,1%.

O relatório completo (em inglês) pode ser acessado na caixa Documentos, no canto superior direito da tela.