FMI prevê desaceleração no Panamá devido ao fechamento da mina First Quantum

O FMI prevê que a economia panamenha se desacelerará para 2,5% em 2024, após crescer 7,3% em 2023, em grande parte como resultado do fechamento da mina Cobre Panamá, da canadense First Quantum, no final de novembro do ano passado.

“A mina contribuiu, direta e indiretamente, com cerca de 5% do PIB do Panamá. É provável que o crescimento do setor não minerador também desacelere, já que a forte recuperação da pandemia provavelmente chegou ao fim e o Panamá enfrenta maiores custos de financiamento”, disse o FMI após o seu conselho executivo concluir a consulta do artigo IV do Panamá. 

Embora no ano passado o governo e a filial da First Quantum, Minera Panamá, tenham chegado a um novo acordo após o contrato original de operação da mina de cobre e ouro ter sido declarado inconstitucional em 2017, milhares de manifestantes se pronunciaram contra o acordo por razões, principalmente, ambientais.

No final de novembro de 2023, a Corte Suprema anulou o contrato, resultando em uma ordem de encerramento da mina a céu aberto.

Para o FMI, as perspectivas econômicas de curto prazo no Panamá “estão sujeitas a um alto grau de incerteza e o balanço de riscos tende a ser negativo”. Os principais riscos incluem a perda do grau de investimento, mais agitação social, consequências do fim da produção de cobre – incluindo processos de arbitragem internacional – e riscos externos.

No médio prazo, o multilateral espera que o PIB cresça cerca de 4%, embora “sujeito a uma incerteza considerável, uma vez que é pouco provável que a construção e o investimento forneçam o mesmo apoio que antes da pandemia”.

O conselho da organização avaliou que, embora o Panamá tenha se recuperado fortemente da pandemia da Covid-19, o crescimento diminuirá este ano.

“Ser uma economia dolarizada aumenta a importância de manter a sustentabilidade fiscal e a estabilidade financeira”, destacou o conselho.

No entanto, sublinhou que o país centro-americano fez progressos significativos na redução de seu déficit fiscal. Este valor diminuiu de 10% em 2020 para 3% do PIB em 2023, embora também ajudado por fontes de receitas excepcionais.

“O cumprimento da meta do déficit fiscal de 2% do PIB até 2024 exigirá uma compressão excessivamente grande do investimento público. Um déficit fiscal de 4% em 2024 seria apropriado em uma perspectiva cíclica, evitando uma compressão muito grande do investimento e permitindo um ajuste mais gradual à perda permanente de receitas fiscais da mineradora”, acrescentou o FMI.

Para garantir que a dívida pública siga uma tendência firme de queda, a estratégia de finanças públicas para 2025 deve incluir um plano plurianual de consolidação fiscal confiável, visando reduzir o déficit à meta de 1,5% do PIB estabelecido pela lei de responsabilidade social fiscal até 2027, conforme recomendação do conselho.

“Sem um plano confiável, o risco de novos rebaixamentos da classificação soberana é alto, o que aumentaria os custos de financiamento e exacerbaria possíveis dinâmicas adversas da dívida”, concluiu a agência.