Francesa Eramet adquire concessões para explorar lítio no Chile

A francesa Eramet adquiriu, por US$ 95 milhões, um pacote de concessões de exploração mineira numa área que abrange 120 mil hectares, incluindo 40 mil hectares em salares no norte do Chile.

A compra no Chile “marca um primeiro passo importante na estratégia do grupo para garantir oportunidades de desenvolvimento na região do Triângulo do Lítio”, disse a empresa em comunicado.

A Eramet quer desenvolver um projeto de lítio na área, para a qual deve atrubyur mais US$ 10 milhões, segundo apresentação no Capital Markets Day, realizado na segunda-feira (13) em Paris. No entanto, a empresa teria que desenvolver este projeto por meio de uma parceria público-privada, conforme indicado pela estratégia nacional de lítio do Chile.

A transação das concessões mineiras foi negociada com a chilena Salares de Atacama SCM e a empresa internacional Talison, de propriedade conjunta da Albemarle e da Tianqi Lithium. A operação foi concluída com a transferência dos títulos para a Eramet na área onde estão localizadas as salinas de Aguilar, Las Parinas, Agua Amarga, Grande e La Isla.

Este último depósito teria uma concentração superior a 1.000 ppm de lítio, tornando-o uma fonte econômica atrativa. Além disso, o território conhecido como Siete Salares fica próximo ao Salar de Maricunga, cujos estudos exploratórios da empresa estatal de cobre Codelco concluíram que é o segundo melhor salar do país em conteúdo litífero.

“Há potencial para desenvolver um projeto”, informou a Eramet, mas ainda faltam definições na estratégia chilena para o lítio que garantam seu avanço. Seguem pendentes questões como quais salares podem ser explorados, quais serão considerados estratégicos e qual modelo de negócio deverá prevalecer na gestão público-privada.

A estatal Enami, por sua vez, realiza a exploração básica do seu projeto Salares Altoandinos, que inclui também áreas em La Isla, Las Parinas, Aguilar, Infieles e Grande. O desenvolvimento da iniciativa envolve um investimento de US$ 1,5 bilhão para a construção de uma planta com capacidade de produção de 60 mil toneladas anuais de lítio, segundo dados da consultora Plusmining.

Em encontro organizado pela Sociedade Nacional de Mineração do Chile (Sonami), a Plusmining disse sobre Salares Altoandinos que, dentre as condições, é necessário um investimento 100% privado para a exploração e utilização de tecnologias de extração direta de lítio (EDL), bem como para acrescentar valor e integrar as comunidades locais.

A Enami solicitou ao Ministério de Mineração um contrato especial de operação de lítio (CEOL) para Salares Altoandinos, mas ainda não obteve resposta. Houve diversas reuniões com outras empresas para revisar alternativas de EDL e analisar possíveis alianças, conforme explicou o gerente da Enami Litio, Nicolás Pacheco, em um congresso de mineração em outubro.

“Fico feliz em fazer parceria com a Enami ou a Codelco”, disse Miguel Fuentes, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Eramet, a um jornal local em maio.

A experiência da Eramet na EDL e o papel estatal da Enami abrem as portas para um possível acordo sobre o projeto. Entretanto, a empresa francesa continuará a processar a obtenção de autorizações de exploração e a avançar no seu plano de crescimento do lítio – que também envolve a Argentina –, por meio de atividades exploratórias no salar de Arizaro e do projeto Centenário-Ratones, mantido em parceria com a chinesa Tsingshan.