Fujitsu reavalia modelo de negócio para datacenters nas Américas

A japonesa Fujitsu está revendo sua estratégia de datacenter para as Américas, com a possibilidade de fazer parceria com provedores em vez de oferecer serviços diretamente, especialmente na América do Sul, disse à BNamericas Asif Poonja, o recém-nomeado CEO da Fujitsu para as Américas.

O grupo de TI e tecnologia saiu recentemente do negócio de datacenter na América do Norte (EUA e Canadá), mas continuará a operar no setor na Europa.

“Na América do Norte, era uma commodity para nós. Todo mundo está migrando para a nuvem, segue migrando para a nuvem, e não tínhamos tamanho e escala nesse mercado para competir”, afirmou Poonja em entrevista exclusiva.

“Então, tomamos a decisão de sair do negócio de datacenter na América do Norte e embarcar nos três reis da nuvem e apoiá-los em parcerias”, acrescentou, referindo-se a AWS, Microsoft Azure e Google Cloud.

Outros parceiros tecnológicos globais da Fujitsu incluem SAP, ServiceNow, Salesforce e Oracle.

No Caribe, onde a Fujitsu desenvolveu projetos chave em mercados selecionados, o segmento de datacenters é considerado demasiado estratégico. Os seus três principais mercados na região são Trinidad e Tobago, Barbados e Jamaica.

“O negócio de datacenter é central, essencial para essa operação, com serviços abrangentes em torno de aplicativos e do impulso do Uvance [portfólio da Fujitsu]”, afirmou Poonja.

Enquanto isso, na América do Sul, assim como nos EUA e no Canadá, os datacenters “não são um negócio chave” para o grupo hoje, segundo o executivo, principalmente devido a questões de escala e tamanho.

“Podemos competir com esses players ou devemos fazer parceria com eles? Creio que este é o componente principal. E estamos inclinados para esta última, semelhante à estratégia na América do Norte”, complementou.

Em maio, Fujitsu e Microsoft anunciaram uma parceria global de cinco anos na nuvem para expandir a colaboração existente.

Sob tal parceria, a Fujitsu combinará as suas inovações industriais com a tecnologia da Microsoft e buscará se concentrar no codesenvolvimento e implementação de uma gama de soluções para nuvem nos setores industrial, varejista, público e de saúde.

Como parte desta parceria, 28 mil funcionários da Fujitsu serão formados e certificados em Microsoft Cloud ao longo do período de cinco anos.

O acordo também envolve investimentos de ambas as empresas “para impulsionar a expansão da plataforma de suíte de negócios Uvance da Fujitsu”.

Esta parceria com a Microsoft se baseia em outra semelhante anunciada com a AWS em maio de 2022, a qual se concentrava nos setores financeiro e de varejo. Ele também se soma à parceria de 2019 com o Google Cloud.

A estratégia abrangente da empresa para datacenters baseia-se no conceito de Hybrid IT.

“No Hybrid IT, existem elementos onde você pode ter seu próprio datacenter. Este é um verdadeiro híbrido. Não estamos fazendo isso na América do Norte, estamos fazendo isso no Caribe, estamos fazendo isso na Europa e estamos debatendo sobre a América do Sul”, disse Poonja.

Uma das prioridades da empresa no segmento mais amplo da América Latina é o segmento de redes, nomeadamente projetos de conectividade da indústria 5G e openRAN, juntamente com renovações sustentáveis da infraestrutura de TI, IA e parcerias com a indústria automobilística.

De acordo com um estudo do Grupo Dell'Oro, a Fujitsu foi o terceiro maior player global de Open RAN em receita no período do segundo trimestre de 2022 ao primeiro de 2023, atrás de Samsung e NEC.

Na América Latina, Poonja vê este negócio como ainda incipiente para a Fujitsu, com diversas negociações em curso, mas com projetos concretos ainda a serem concretizados a partir de vários testes e pilotos.