Galileo expande sua presença na América Latina em meio a concorrência crescente entre fintechs

O grupo norte-americano de soluções de tecnologia financeira e de pagamentos Galileo está expandindo sua presença na América Latina, com uma visão otimista sobre as oportunidades de digitalização, apesar do aumento da concorrência nos principais mercados.

“O que torna a América Latina extremamente interessante é que cada país está em uma posição um pouco diferente quando se trata de digitalização de serviços financeiros”, disse à BNamericas Tory Jackson, diretor regional de desenvolvimento de negócios e estratégia da Galileo.

Fundada em 2000 em Utah, a empresa é uma importante parceira da MasterCard e começou a operar na América Latina oferecendo serviços de processamento de pagamentos no México, país que continua sendo a sede de suas operações regionais. Recentemente, a empresa vem mirando mais ao sul agregando outros serviços, clientes, parceiros e empresas à sua presença regional.

A abertura do mercado está intimamente ligada a este movimento, explicou Jackson.

“A América Latina, em geral, tem sido um tanto fechada até certo ponto. Talvez, em alguns casos, até um pouco monopolizada. O avanço das APIs tecnológicas, que permitem às empresas colaborar mais estreitamente e ultrapassar fronteiras, é uma oportunidade. O Brasil fez um trabalho tremendo do ponto de vista de pagamentos”, afirmou o executivo.

Como parte do seu processo de expansão gradual, a Galileo adquiriu a argentina Technisys no ano passado, visando reforçar uma plataforma tecnológica que suporta a emissão de cartões de pagamento, o provisionamento push para carteiras móveis e outros produtos financeiros.

A integração da Technisys está chegando ao fim. Jackson descarta qualquer nova aquisição por enquanto e os planos são aumentar a presença na rede existente.

CENÁRIO COMPETITIVO

O mercado de pagamentos e serviços financeiros na América Latina está passando por uma grande transformação. Tem atraído um número cada vez maior de empresas e investidores, face às oportunidades de digitalização que ainda existem em diversos mercados, aliadas à abertura gradual deste segmento por diferentes reguladores bancários.

Atuando em diferentes nichos, marcas de processamento como a uruguaia Prometeo ou as brasileiras Cielo, Rede e Getnet têm se destacado no mercado.

O setor de fintech é de longe o mais ativo em relação às startups, sendo o que mais atrai investimentos de capital e capital de risco na América Latina.

No ano passado, em uma de suas maiores transações do gênero, a Visa anunciou a compra da fintech brasileira Pismo, provedora de plataforma em nuvem para cartões e serviços bancários, por US$ 1 bilhão. Em dezembro, a Visa também anunciou um investimento maioritário na mexicana Prosa.

Outros parceiros de processamento da MasterCard na região, além da Galileo, incluem Banco Dondé, Dock, Evertec, Pomelo e Swap.

Jackson minimiza a competição, citando a colaboração no ecossistema como um benefício.

“Creio que este movimento é, em última análise, bom. O que falta na América Latina é justamente concorrência e colaboração, e são coisas que de fato aceleram o mercado.”

A Galileo afirma gerir 151 milhões de contas em 16 países. Na América Latina, é certificada como processadora local no México, Colômbia, Chile, Peru, Argentina, Uruguai e Brasil – presença criada em grande parte pela Technisys.

“Isto nos torna a processadora-emissora com o maior número de países listados pela MasterCard na América Latina”, comentou Jackson, que não quis divulgar investimentos projetados ou metas operacionais para a região.