Giro de notícias da Argentina: previsão de demanda por GNL, potenciais compradores, adesão ao Rigi

Neuquén, província argentina líder em produção de hidrocarbonetos, revelou que as exportações planejadas de GNL poderiam estimular uma duplicação da produção de gás na formação de Vaca Muerta.

A informação se deve à decisão das empresas YPF e Petronas de construir uma usina de liquefação na costa da província vizinha de Río Negro.

O ministro da Energia de Neuquén, Gustavo Medele, disse que a construção de um eventual duto de gás entre as jurisdições constituiria um sinal chave para estimular investimentos em upstream.

Planejado para ser desenvolvido em fases, o projeto – uma vez amadurecido – poderá exigir cerca de 100 MMm³/d (milhões de metros cúbicos por dia) de gás, aproximadamente o que Vaca Muerta produz hoje no inverno, quando a demanda interna atinge o pico, informou o governo de Neuquén em um comunicado.

O crescimento da procura poderá resultar na duplicação do número de plataformas dedicadas ao gás, para cerca de 16, em comparação com a frota atual.

Neuquén abriga a maior parte de Vaca Muerta, que atrai a maior parte dos gastos em upstream no país.

O Legislativo de Río Negro aprovou um projeto de lei que adere a jurisdição ao Regime de Incentivo a Grandes Investimentos (Rigi) do governo argentino.

As autoridades pretendem despachar o primeiro carregamento de GNL entre 2026 e 2027 usando um navio de liquefação, conforme declarou recentemente o presidente e presidente da YPF, Horacio Marín.

Os planos preveem a adição de mais dois navios até 20230 em uma segunda fase, e a construção, numa terceira fase, de uma planta onshore em 2031, de olho em uma eventual capacidade global de 120 MMm³/d.

Mais detalhes deverão ser divulgados na próxima semana, durante teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2024 da YPF.

COMPRADORES

YPF e Petronas estão em discussões sobre potenciais compradores de produção futura de GNL.

As negociações envolvem Alemanha, Índia e Shell, segundo reportagem da imprensa local.

A Shell atua na área de xisto de Vaca Muerta, como produtora e exportadora.

Com base em dados das operadoras, a Shell é o quarto maior produtor de petróleo da Argentina, registrando 31.200 b/d (barris por dia) em maio, segundo dados da consultoria local Economía & Energía. Do total, 29.800 b/d eram de xisto. A empresa não está entre os 10 maiores produtores de gás do país.

MENDOZA

A província de Mendoza poderá se tornar a terceira jurisdição a aderir ao Rigi.

Além de Río Negro, o governo municipal da cidade portuária de Mar del Plata também emitiu um decreto associado.

A Câmara dos Deputados de Mendoza, entretanto, apoiou um projeto de adesão por 32 votos a 13. O projeto de lei ainda precisa de aprovação do Senado local.

Sob o Rigi, projetos qualificados receberão benefícios fiscais, aduaneiros e cambiais, com estabilidade jurídica e regulatória estabelecida por 30 anos. Os projetos têm até dois anos para aderir e deverão implantar, no prazo de dois anos, pelo menos 40% do investimento mínimo acordado. A adesão pode resultar na redução de alguma autonomia do governo local.