Governo central da Bolívia conflita com Santa Cruz sobre pagamento de obras rodoviárias

O Ministério de Obras Públicas da Bolívia diz que as obras rodoviárias no departamento de Santa Cruz correm o risco de parar, se a administração local não pagar 100 milhões de bolivianos (US$ 15 milhões) que, supostamente, deve a empreiteiros desde novembro.

Um projeto que pode ser afetado é a rodovia Espino-Charagua-Boyuibe (US$ 253 milhões), da qual o departamento de Santa Cruz deve financiar 15%, disse o ministro Édgar Montaño em comunicado.

Ele também citou a rodovia Buena Vista-Los Cruces-Kilometro 13 (US$ 200 milhões), pela qual disse que a administração de Santa Cruz deve pagar US$ 70 milhões para que seja licitada.

O governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, é um político de direita considerado uma figura-chave nos protestos pós-eleitorais de 2019 que levaram à deposição do presidente de esquerda Evo Morales. O atual presidente, Luis Arce, era aliado de Morales, que fugiu do país após os protestos contra suposta fraude eleitoral, embora tenha retornado mais tarde.

O governo central também acusou outros governos locais e departamentais de não pagarem aos seus homólogos as empreitadas de obras públicas, chegando mesmo a acusá-los de “sabotar” a recuperação econômica do país.

Camacho disse anteriormente que seu antecessor deixou Santa Cruz com compromissos de 452 milhões de bolivianos que foram assinados sem ter financiamento garantido.

As críticas do governo central foram questionadas devido ao fato de La Paz lidar com 85% do orçamento nacional, com os 15% restantes divididos em nove administrações departamentais e 336 municípios, deixando-os sem muita margem de manobra para financiar projetos de infraestrutura.