Guerra comercial entre EUA e China não deve ter impactos imediatos no Peru

A guerra comercial lançada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, afetará o Peru apenas indiretamente, mas ainda há incertezas quanto à magnitude das medidas e se elas impactarão o crescimento projetado do país para 2025.

Atualmente, a tarifa de 10% sobre as importações chinesas não afeta a demanda pelo cobre peruano. Como resultado, as exportações – 34% das quais vão para a China – permanecerão intocadas.

De janeiro a novembro de 2024, o Peru exportou cobre no valor de US$ 15,5 bilhões para a China, segundo o Ministério do Comércio Exterior e Turismo.

Enquanto isso, o Scotiabank manteve sua projeção de crescimento do PIB para 2025 em 2,8%, mas suas expectativas de crescimento potencialmente maior ou de recuperação econômica diminuíram.

“O Peru é particularmente sensível aos preços dos metais, especialmente do cobre. Qualquer evento que afete o crescimento global – ou o da China – afetará os preços”, declarou o banco em seu relatório semanal. Embora as tarifas atuais não afetem tanto o Peru, impor tarifas mais altas de até 60% – como Trump prometeu durante a campanha – continua sendo uma preocupação.

O Peru prevê produção de cobre de 2,7 Mt (milhões de toneladas) este ano. Embora tenha havido otimismo inicial, teores de minério mais baixos em certas minas e uma perspectiva mais cautelosa desaqueceram as expectativas.

CENÁRIO MACRO

A guerra comercial também influencia as políticas macroeconômicas na mitigação de riscos. Sob essa luz, o protecionismo dos EUA pode atrasar novas reduções da taxa básica e prolongar a inflação.

Segundo o Scotiabank, a inflação anual estava em tendência de queda e atingiu 1,85% em janeiro. O banco manteve sua projeção de 2,30% para este ano devido ao contexto internacional.

Além disso, o Scotiabank projetou inicialmente duas reduções na taxa básica de juros este ano, mas agora espera apenas uma, de 4,75% para 4,50%.

“Um risco daqui para frente é que esta incerteza pode gerar maior volatilidade nos mercados financeiros, afetando sua lucratividade. Não é um governo [dos EUA] previsível. A incerteza abrange mercados globais, relações comerciais, tensões geopolíticas, o financiamento e funcionamento de organizações multilaterais globais e bilaterais, a estrutura regulatória e a dinâmica das relações entre países”, concluiu o banco.