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‘Haverá recessão’, mas não no Brasil, diz ministro da Economia

Bnamericas

A maior parte das economias avançadas, inclusive os EUA, será atingida por uma recessão, mas o Brasil será poupado, de acordo com o ministro da Economia do país, Paulo Guedes.

“Vai haver realmente recessão lá fora”, disse Guedes no Painel Telebrasil Summit, organizado anualmente pela associação de telecomunicações Conexis Brasil Digital, nesta terça-feira (28), em Brasília.

Choques adversos como inflação crescente e altas taxas de juros causarão baixo crescimento, mas não recessão, afirmou Guedes. Ele criticou as narrativas da mídia, que seriam excessivamente pessimistas em relação à economia do país.

“Apesar dos juros altíssimos, a economia vai desacelerar, mas não entrará em recessão. Em vez de crescer 3%, vamos crescer 2%”, em grande parte por causa das reformas estruturais que foram realizadas, destacou.

A inflação já atingiu o pico ou está prestes a atingir, disse Guedes.

Durante seu discurso, Guedes afirmou que o Brasil continua atraente para investimentos e incentivou o setor de telecomunicações a manter seus planos para o país, pedindo aos executivos que “não tenham medo”.

Sobre os problemas econômicos globais, Guedes acredita que “o barulho lá fora vai ser ensurdecedor”, mas que o Brasil está preparado internamente.

Em 2021, as maiores operadoras de telecomunicações do Brasil investiram R$ 35,2 bilhões (US$ 6,70 bilhões) – R$ 38,5 bilhões quando os gastos com espectro são incluídos. Valores semelhantes, excluindo espectro, são esperados para este ano.

De acordo com Guedes, o setor de telecomunicações do país tem uma carga tributária em torno de 40%.

O setor é um dos beneficiários de um teto recém-aprovado para as alíquotas do ICMS estadual sobre serviços considerados essenciais, como telecomunicações, combustíveis e energia. Guedes disse, ainda, que o governo pretende continuar baixando o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até chegar a 0%.

Esses impostos são regressivos e levaram à desindustrialização do país, disse Guedes.

‘FRIENDSHORE’

O nearshoring oferece oportunidades para o Brasil em meio a interrupções na cadeia de valor global, já que as operações, a fabricação e os processos de suporte podem ser recuperados, de acordo com Guedes.

O Brasil se beneficiaria dos aspectos geopolíticos, pois mantém boas relações com os EUA e a Europa e está distante de zonas de guerra. Mas “não basta ser próximo, é preciso ser amigo. Você precisa de nearshore e ‘friendshore’”, disse Guedes no evento.

O ministro também acredita que é possível instalar uma fábrica avançada de semicondutores no país para ajudar a atender a demanda global, embora especialistas tenham levantado dúvidas.

INVESTIMENTOS

Sílvio Cascione, diretor da consultoria de risco Eurasia Group no Brasil, disse que a visão de investidores e empresas estrangeiras está melhorando.

“Diante desse enorme desafio da guerra, da pandemia que vivemos e da transição energética, o Brasil se apresenta como uma oportunidade cada vez mais atrativa”, disse Cascione, citando o nearshoring como uma oportunidade.

Segundo Cascione, o Eurasia Group tem recebido mais perguntas sobre como investir no Brasil apesar de desafios como as próximas eleições e a crise econômica global.

O Eurasia vê o ex-presidente Lula como o favorito para vencer as eleições, embora a corrida seja mais acirrada do que as pesquisas atuais sugerem, avaliou Cascione.

A fragmentação e a polarização políticas criarão desafios de governança em 2023, disse ele, mas também potencial para continuar as reformas estruturais, que serão realizadas por qualquer presidente.

“Tenham certeza: a reforma tributária voltará com força na próxima legislatura, com o próximo presidente”, afirmou Cascione no evento.

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