Hitachi acelera projetos de gêmeos digitais e datacenters na América Latina

O conglomerado japonês Hitachi está buscando construir novas soluções de gêmeos digitais com tecnologia de inteligência artificial (IA) para empresas de transmissão e energia na América Latina, e tem em andamento pilotos com alguns players na região, revelaram executivos da empresa à BNamericas.

A empresa também busca consolidar datacenters adquiridos com foco corporativo, um nicho que a empresa vê com muitas oportunidades na América Latina.

“Temos pelo menos 10 clientes na América Latina envolvendo serviços gerenciados em datacenters”, disse à BNamericas Daniel Scarafia, vice-presidente para a América Latina da unidade Hitachi Vantara.

Tanto em datacenters quanto em gêmeos digitais, os serviços geralmente são prestados dentro do grupo Hitachi com o suporte de duas subsidiárias: a Hitachi Energy, focada em soluções para o setor de energia, e a Hitachi Vantara, que é o braço de TI, hardware e serviços digitais do grupo.

A Hitachi Vantara desenvolve infraestrutura e gerenciamento inteligente de dados, além de segurança cibernética e soluções de nuvem híbrida com tecnologia de IA para operações de missão crítica.

Ela opera escritórios regionais no Brasil, México, Argentina e Chile, com “milhares” de clientes na América Latina, segundo Scarafia. Em todo o mundo, a Hitachi Vantara relata uma base de clientes de mais de 30 mil empresas.

Nos EUA, o grupo trabalha com uma grande empresa de transmissão de energia tendo o suporte de um gêmeo digital de sua rede física e sistemas, e visando encontrar a maneira mais equilibrada e eficiente de distribuir a carga de energia para diferentes estados, conforme explicou Mike Bush, vice-presidente sênior global de vendas da Hitachi Vantara, à BNamericas.

IBM, HP, Dell e NetApp são players que, dependendo do setor e do mercado, competem com a Hitachi Vantara. Com algumas delas, no entanto, a Vantara também mantém alguns acordos e parcerias comerciais e tecnológicas específicas.

Os parceiros de tecnologia da Hitachi Vantara incluem Cisco, Veeam e as nuvens públicas da Amazon Web Services, Microsoft Azure e Google Cloud. A empresa também trabalha com integradores de sistemas importantes em todo o mundo, como Accenture, Deloitte, Kyndryl, TCS e Atos.

Entre os principais clientes públicos da Hitachi Vantara estão grupos com forte presença na América Latina, como Telefónica e T-Systems, além de bancos, como o Banco de Brasília.

O setor financeiro é o principal setor atendido pela empresa, respondendo por 40% a 45% das vendas totais, de acordo com Bush. Na sequência estão telecomunicações, governo e saúde, entre outros.

No primeiro trimestre do ano fiscal de 2024, encerrado em 30 de junho, o grupo Hitachi gerou 2,21 trilhões de ienes (US$ 15 bi) em receitas, valor abaixo dos 2,32 trilhões de ienes do mesmo período do ano anterior.

Entre outros projetos na América Latina, o grupo está desenvolvendo projetos de metrô em Lima por meio da Hitachi Rail e apoiando uma grande emissora no Brasil na preparação para a próxima geração de tecnologia televisiva.

PETROBRAS

Os gêmeos digitais vêm ganhando força, especialmente entre empresas com grandes estruturas de produção e grandes parques industriais, principalmente nos setores de energia e petróleo e gás.

É o caso da Petrobras, que tem essas réplicas digitais como um dos principais pilares de sua estratégia tecnológica.

A estatal brasileira acaba de anunciar que suas plataformas FPSO Cidade de Anchieta e P-57, que operam no campo de Jubarte, concluíram um importante projeto de gêmeo digital.

Ambas as unidades de exploração participaram de um piloto que demonstrou a eficácia de um gêmeo digital, desenvolvido pela empresa brasileira ESSS, capaz de aumentar a produção em aproximadamente 1%.

A tecnologia fornece dados do sistema de produção em tempo real, gerando ganhos no processo de elevação e escoamento, que corresponde ao transporte do óleo produzido do fundo do poço até as plataformas de produção, segundo a empresa.

O gêmeo digital também permite a identificação antecipada de ocorrências que podem comprometer a produção, ao mesmo tempo em que permite o teste virtual de soluções.

Após dois anos de testes, a tecnologia foi validada e está pronta para uso. A plataforma poderá ser utilizada em todos os poços de produção e injeção offshore da Petrobras, e a meta da estatal é iniciar ainda este ano a implementação da ferramenta nos poços offshore de outras unidades.