Hive desenvolverá datacenter de 100 MW no Paraguai

O grupo canadense de mineração de criptografia Hive Digital Technologies planeja construir um datacenter de 100 MW no Paraguai e aproveitar a energia hidrelétrica produzida em Itaipu.

O projeto foi confirmado após reuniões realizadas entre executivos da Hive e a cúpula do governo paraguaio – incluindo o presidente Santiago Peña, que procurou tornar o país um hub para investimentos estrangeiros em tecnologia.

“Espera-se que esta oportunidade potencial adicione 6,5 exahash por segundo (EH/s) adicionais às nossas operações de mineração de bitcoin, aumentando nosso EH/s global para 12,1 EH/s. Isto representa um marco significativo em nossa estratégia diversificada de crescimento e apoia nosso compromisso de expandir nossa presença global com operações de datacenter no Canadá, Suécia, Islândia e agora no Paraguai”, disse em comunicado o presidente da Hive, Frank Holmes.

O exahash é uma unidade para taxas de hash, usada na mineração de dados para medir o poder de computação combinado de uma rede de criptomoeda. Um EH/s é igual a um quintilhão de hashes por segundo. Isso significa que 688 quintilhões de suposições estão sendo enviadas ao blockchain a cada segundo.

A Hive não forneceu detalhes sobre o cronograma ou o investimento projetado para o local. No entanto, informou que o datacenter deverá gerar mais de US$ 100 milhões em receitas para a Ande, estatal paraguaia de energia, nos próximos três anos.

A empresa também disse que identificou o local do datacenter e avançou na garantia de contratos de construção e fornecimento de energia.

A transação está sujeita a acordos finais, due diligence, aprovação do conselho e liberações regulatórias, cujos detalhes a Hive planeja anunciar em breve.

A empresa acrescentou que as futuras expansões no Paraguai dependerão da “estabilidade nas políticas fiscais do governo”, como preços de energia e tributação. Além disso, contratará localmente, gerando milhares de empregos, e oferecerá equilíbrio de rede e resposta à demanda para apoiar o desenvolvimento industrial, ao mesmo tempo que monetizará ativos energéticos excedentários ou submonetizados.

“Além disso, como as contas de energia da empresa serão pagas em dólares americanos, suas operações no Paraguai oferecem uma oportunidade única para o governo, proporcionando uma renda mensal estável em dólares americanos, agindo como um hedge cambial estratégico e garantindo a estabilidade financeira em um mercado de câmbio cada vez mais volátil”, comentou a empresa.

Em 2023, a eletricidade representou 13,2% do total das exportações do Paraguai.

PEGADA

A Hive afirmou que prioriza seus datacenters em climas frios com acesso a energia renovável/verde de baixo custo, daí a escolha por Canadá, Suécia, Islândia e – devido ao fator energético – Paraguai. A usina de Itaipu de 14 GW é compartilhada com o Brasil.

No Canadá, a empresa opera uma grande frota de mineradores de bitcoin (aproximadamente 3 EH/s), enquanto em suas instalações suecas ela opera uma frota de GPUs e servidores Nvidia focados na capacidade de processamento para cargas de trabalho de IA, machine learning e HPC.

A Hive relatou receitas anuais de US$ 115 milhões para o ano fiscal encerrado em 31 de março. Durante o período, a empresa disse que extraiu 3.123 bitcoins e manteve 2.287 bitcoins, para um valor de US$ 161 milhões, em seu balanço no final do ano.

A empresa afirma ter aumentado seu hashrate de mineração de bitcoin em 57% no ano fiscal, fechando em 4,7 exahash, ante 3,0 em março de 2023.