Honduras lança chamada de armazenamento de energia e cogeração em meio à crise no setor

O regulador de energia de Honduras, CREE, lançou licitações internacionais para a elaboração de normas relacionadas a sistemas de armazenamento e cogeração de energia.

A comissão destaca que os sistemas de armazenamento ajudariam a otimizar o despacho de energias renováveis variáveis dentro das margens de segurança da rede e promover a igualdade de tratamento entre os produtores de eletricidade.

No caso dos cogeradores, a CREE enfatizou que, como as empresas que produzem energia para o autoconsumo podem vender eletricidade para a rede nacional, é necessário estabelecer requisitos técnicos para regular esta atividade.

Informações sobre o processo de armazenamento de energia estão disponíveis aqui, já para a licitação de cogeração, aqui. Os termos de referência também estão disponíveis na caixa Documentos, no canto superior direito da tela.

A associação de energia renovável AHER recomendou o desenvolvimento dos mecanismos necessários para promover o investimento de players solares em sistemas de armazenamento, que, segundo o grupo industrial, poderiam gerar 100 MW no curto prazo e ajudar a combater a crise atual.

“Em relação à demanda crescente, consideramos adequado e necessário o estabelecimento de uma taxa para a venda de excedentes de usuários autoprodutores”, acrescentou a AHER.

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CRISE

Os anúncios das chamadas foram feitos em um momento em que o governo enfrenta o aumento dos déficits de despacho e geração e as interrupções associadas, o que levou a um maior escrutínio da associação nacional de industriais Andi e da câmara de construção Chico, entre outras organizações, além do crescente descontentamento entre os residentes.

A administração da presidente Xiomara Castro, que pressionou por uma maior supervisão e participação do Estado, identificou “uma herança de privatizações, corrupção e abandono” como a raiz da crise.

As autoridades também relataram que as temperaturas mais altas devido ao fenômeno El Niño mais intenso provocaram curtos-circuitos e incêndios que afetaram as linhas de energia. Elas citaram, ainda, uma suposta sabotagem.

“A isso devemos acrescentar que, de acordo com a [empresa estatal de energia] Enee, há 20 anos não foi feito nenhum investimento para aumentar a potência firme (capacidade máxima) na geração de energia de usinas e hidrelétricas”, afirmou o governo em um comunicado.

A imprensa local citou um cálculo do especialista em energia Kevin Rodríguez que estima que geração, transmissão e distribuição precisariam de investimentos de US$ 3-3,5 bilhões.

O centro de despacho nacional do país (CNH) atribui, em parte, os problemas de fornecimento ao despacho reduzido do mercado de energia regional (MER) devido à previsão de menor produção hidrelétrica por conta da alta probabilidade de haver uma estação chuvosa fraca.

A operadora EOR disse em um comunicado, no entanto, que o MER “está operando normalmente e que, até o momento, não houve limitações ou restrições operacionais que afetem a importação e exportação de energia entre os países membros”.

Em uma tentativa de mitigar o impacto da situação atual, a Enee definiu ações prioritárias que incluem reduzir a demanda em 110 MW por meio de campanhas de economia e eficiência energética, aumentar a geração em 282 MW e instalar barcaças com 120 MW de capacidade firme.

As medidas se somam a um programa emblemático implementado recentemente pela operadora estatal para combater as perdas de energia.

A Enee também anunciou a criação de uma comissão técnica interinstitucional público-privada para o enfrentamento da crise.

O grupo inclui o departamento de energia, a CREE, o conselho empresarial privado Cohep, a câmara comercial e industrial de Cortés (CCIC), a associação de produtores de energia AHPEE, a Andi e a AHER.

Segundo um relatório do think tank local ASJ, “Honduras continua sobrecarregada por um subsetor de eletricidade dominado por uma empresa estatal que não conseguiu realizar mudanças substanciais e não respondeu às necessidades da economia e da população”.

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