Indústria mexicana de alumínio se opõe às tarifas dos EUA e cita ameaça a mais de 1 milhão de empregos

A Câmara Nacional da Indústria do Alumínio do México (Canalum) alertou que tarifas adicionais anunciadas no mês passado pelo governo dos EUA afetarão o setor mexicano de alumínio, ameaçando os empregos de mais de 100.000 trabalhadores diretos e mais de um milhão de indiretos.

A entidade afirmou ainda que a medida teria “consequências significativas” para a estabilidade da indústria e do próprio país, dado que o setor de alumínio é essencial para a economia mexicana. As remessas para os EUA representam quase 80% do total das exportações da indústria, ultrapassando US$ 2 bilhões em 2024.

“A Canalum manifesta sua oposição ao ajuste feito à proclamação presidencial emitida pelo governo dos EUA em 11 de fevereiro de 2025, que estabelece medidas tarifárias adicionais sobre as importações de alumínio e seus derivados”, afirmou a câmara em nota.

Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio importados pelos EUA, que entrará em vigor em 12 de março. O governo dos EUA justificou a medida sob a Seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962, que permite ajustes de importação por motivos de “segurança nacional”.

A tarifa será aplicada universalmente, inclusive a países com os quais os EUA têm acordos de livre comércio, como México e Canadá.

A Canalum reconheceu a rápida resposta do governo mexicano ao pedir diálogo comercial com os EUA, agendado para a próxima quinta-feira (6). As conversas visam analisar a situação e apresentar dados verificáveis.

“Apoiamos os esforços para defender o comércio justo e reafirmamos nossa disposição de colaborar na análise e apresentação de informações que reflitam com precisão a realidade do comércio bilateral, enfatizando que os padrões mencionados na proclamação não têm suporte em dados oficiais, incluindo aqueles de fontes dos EUA”, acrescentou a entidade.

A câmara também destacou que o México não produz alumínio, pois não possui minas de bauxita, diferentemente de outros países mencionados na proclamação.

“Portanto, sua importação isenta de impostos é essencial para o desenvolvimento da indústria nacional. Além disso, o México impôs tarifas sobre produtos e artigos de origem chinesa para regular o comércio e garantir condições justas no setor.”

Recentemente, o think tank mexicano IMCO alertou que as tarifas de alumínio e aço de Trump impactarão 4,7% das exportações do México para os EUA, incluindo autopeças, eletrodomésticos e produtos eletrônicos.

O IMCO analisou os potenciais efeitos dessas tarifas na economia mexicana e determinou que o impacto nas vendas desses produtos para os EUA representará mais de 1,5% do PIB mexicano em 2024.

Ele ainda estimou que “em 2024, essas 68 novas classificações tarifárias afetadas, sozinhas, representariam um valor superior a US$ 20 bilhões, o equivalente a 3,91% do total das exportações do México para os EUA”, e que “impor tarifas a essas indústrias complicaria suas operações e as tornaria menos eficientes”.

Segundo o estudo, o valor total das exportações mexicanas de produtos que contêm alumínio sujeitos às novas tarifas ultrapassaria US$ 22 bilhões.