Inflação da construção na Argentina tende a cair, mas empresas lutam para tirar vantagem

A inflação mensal da construção continuou a diminuir em algumas partes da Argentina durante o mês de março, embora seja pouco provável que beneficie as empresas locais de infraestrutura no curto prazo, uma vez que a atividade no setor despencou como consequência da paralisia nos projetos de obras públicas.

No caso de Córdoba, a inflação da construção em março atingiu 4,86%, bem abaixo dos 11,92% observados em fevereiro. A inflação anual no mês passado foi de quase 246%, de acordo com o departamento provincial de estatísticas.

Em Mendoza, a associação local de construção Red Edificar informou que os custos na província aumentaram 1,54% em março, abaixo do crescimento de 3,33% em fevereiro. Embora a organização não tenha divulgado um valor anual, sublinhou que a inflação acumulada no primeiro trimestre atingiu 13,2%, percentual inferior aos 19,3% no primeiro trimestre de 2023.

Enquanto isso, a área da Grande Buenos Aires, que abrange a capital argentina e 24 municípios vizinhos, viu a inflação mensal da construção acelerar para 8,1%, ante 6,4% em fevereiro.

Este valor, no entanto, ainda é inferior ao pico de 30,1% registado em dezembro e é o segundo mês consecutivo em que a variação mensal foi inferior a 10%, de acordo com o instituto nacional de estatísticas Indec.

A inflação anual na Grande Buenos Aires foi de 264%, enquanto o acumulado foi de 32,9%

A paralisação em massa de projetos de obras públicas, devido aos esforços de austeridade do presidente Javier Milei, levou a uma queda acentuada na atividade de empresas locais de infraestrutura e à queda vertiginosa das vendas de materiais.

A atividade de construção caiu 24,6% no interanual de fevereiro e caiu 23,1% nos primeiros dois meses do ano. Os números de março ainda não foram publicados.

As vendas de asfalto foram as mais atingidas, caindo 64,9% em termos anuais apenas em fevereiro, uma vez que centenas de projetos de obras rodoviárias foram interrompidos devido à falta de financiamento.

O único item que teve aumento nas vendas em fevereiro foram as tintas, que cresceram 2% na comparação anual.

A situação levou a Câmara Argentina de Construção (Camarco) a declarar emergência nacional em fevereiro.

A filial de Tucumán da Camarco está elaborando um arranjo de PPP que será apresentado ao governo provincial no final desta semana, informou o La Gaceta, acrescentando que incluirá projetos habitacionais, bem como sugestões de financiamento e licitações.

Mesmo que o texto seja aceito pelo governo provincial, que também poderia introduzir alterações próprias, o regime também teria de passar pela legislatura local para ser implementado.

Já na província de Neuquén, o governo tenta obter autorização para emitir US$ 500 milhões em títulos, dos quais US$ 350 milhões seriam utilizados para reativar projetos de obras públicas.

O Congresso está programado para votar o projeto na quinta-feira (18), após ser aprovado nas comissões, informou o Minuto Neuquén.

Há mais de 400 projetos em Neuquén parados por falta de financiamento federal, segundo o governador Rolando Figueroa.