Lula apresenta visão do Brasil para representantes do Brics
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que países fora da América do Norte e da Europa tenham um papel maior nos assuntos internacionais.
Feito na última terça-feira (22) no Fórum Empresarial do Brics de 2023, o apelo faz parte de um plano para fortalecer a parceria entre os países que fazem parte do grupo, que inclui a meta de que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) seja uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O grupo é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
“Já ultrapassamos o G7 e respondemos por 32% do PIB mundial em paridade do poder de compra. Projeções indicam que os mercados emergentes e em desenvolvimento são aqueles que apresentarão maior índice de crescimento nos próximos anos”, disse Lula durante um discurso na África do Sul, onde o evento está sendo realizado.
“Segundo o FMI, enquanto os países industrializados devem desacelerar o crescimento de 2,7%, em 2022, para 1,4% em 2024, o crescimento previsto para os países em desenvolvimento é de 4% neste ano e no próximo. Isso mostra que o dinamismo da economia está no Sul Global e o Brics é sua força motriz”, acrescentou.
Alguns analistas continuam céticos a respeito do potencial futuro do NDB.
“Será difícil para o banco do Brics assumir o papel do FMI como a principal instituição para ajudar os países porque as nações que compõem o Brics enfrentam hoje problemas internos, e não há muito espaço para que injetem mais fundos no NDB”, disse à BNamericas Carlos Daltozo, chefe de análise de ações e também analista bancário da Eleven Financial Research.
O líder brasileiro tem defendido iniciativas globais para reduzir o uso do dólar no comércio mundial e também criticou o FMI, principalmente pelas negociações da dívida com a Argentina, que segundo Lula agravaram a situação econômica do país vizinho.
“O Brasil e a China têm tamanho suficiente para fazer negócios nas suas moedas”, comentou Lula, que quer ver a criação de uma moeda única no bloco comercial Mercosul, composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
“Eu diria que é praticamente impossível, no curto e médio prazo, ver a substituição do dólar como moeda principal e dominante nas transações comerciais”, avaliou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), em bate-papo com a BNamericas. “A maioria das moedas que os países querem usar como alternativas nem sequer são moedas conversíveis internacionalmente, por isso as empresas exportadoras não querem usá-las.”
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