Lula discutirá moeda comercial do BRICS

Na cúpula do BRICS desta semana na África do Sul, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, vai discutir a substituição do dólar por outra moeda nas transações comerciais entre os membros do grupo.

O termo BRICS foi cunhado quando Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul eram vistos como economias em rápida expansão.

“A reunião tem três questões importantes que serão tratadas. A primeira é a expansão do BRICS, algo que não é novo. A entrada da África do Sul em 2011 foi a primeira ampliação”, disse o diplomata-chefe do Brasil para a Ásia-Pacífico, Eduardo Saboia, em comunicado à imprensa.

“O segundo item importante é a presença de muitos líderes africanos. A África do Sul quer chamar a atenção para questões relativas à África, não só em termos de desafios, mas também de oportunidades. O terceiro elemento é a discussão sobre a questão do uso de moedas locais para transações comerciais, uma eventual unidade de referência do BRICS. É possível que haja um resultado nessa área”, acrescentou Saboia.

Lula propôs repetidamente a substituição do dólar americano nas relações comerciais, inclusive entre os membros do Mercosul, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, mas não conseguiu.

“As moedas locais poderiam ser usadas em operações limitadas, mas não vejo o dólar sendo realmente substituído nem no comércio entre os países do BRICS ou do Mercosul”, disse à BNamericas José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

“O dólar é a moeda mais aceita no mundo, e nem mesmo o euro conseguiu colocar em risco esse domínio da moeda americana”, acrescentou Castro.

No entanto, “vários países têm se sentido incomodados com as sanções impostas pelos EUA nos últimos anos, devido a uma série de fatores e ao uso do poder de sua moeda para essas sanções. Mais recentemente, estamos vendo a China fazendo muito comércio com a Rússia usando a moeda chinesa e não o dólar como forma de contornar as sanções”, disse à BNamericas Welber Barral, sócio-fundador da BMJ Consultores Associados e ex-secretário de comércio exterior.

“Mas temos que lembrar que são empresas que negociam e não países, então uma substituição de moeda só acontecerá em grande escala se as empresas se sentirem confiantes com a alternativa”, complementou Barral.