Lula e CEO da Petrobras reafirmam compromisso com exploração na Margem Equatorial

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reiterou sua visão favorável sobre a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial – região geologicamente promissora, mas ambientalmente frágil.

“Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, respeitando tudo. Mas nós não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer esse país crescer, de fazer com que esse país, junto com a Arábia Saudita nos BRICS, possa criar uma nova forma de investimento. Possa criar um novo sistema de tratamento das pessoas”, declarou Lula nesta quarta-feira (12), durante a abertura do Fórum de Investimentos Prioridade 2024 no Rio de Janeiro.

O evento, realizado pela primeira vez em uma cidade latino-americana, reuniu líderes e executivos de todo o mundo para discutir oportunidades de investimentos e fortalecer as relações entre Brasil e Arábia Saudita.

No evento, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, criticou a demora do Ibama em autorizar a perfuração de um poço na bacia da Foz do Amazonas, considerado o mais promissor da Margem Equatorial.

“Já perdemos 10 anos”, disse Chambriard, lembrando que a licitação para explorar a região ocorreu em 2013.

A Petrobras foi autorizada a perfurar no Rio Grande do Norte, onde fez descobertas, mas ainda aguarda aprovação para explorar no Amapá.

Chambriard acrescentou que é difícil acreditar que a falta de autorização tenha sido resultado da incompetência por parte dos operadores para justificar o licenciamento.

“O que não se resolveu em dez anos dificilmente será resolvido tecnicamente. Eu acho que essa questão transcende a discussão técnica”, afirmou.

Chambriard revelou que a Petrobras pretende realizar uma reunião com o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para fazer uma apresentação sobre a segurança e a “excelência” da produção de petróleo da empresa, com respeito ao meio ambiente e às comunidades afetadas.

“É uma questão de segurança nacional”, disse ela.

O Ibama está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), que tem assento no CNPE. Questionada se o conselho poderia reverter uma decisão técnica do Ibama, Chambriard acredita que o licenciamento deve ser alcançado por meio de “convencimento e esclarecimento”.

O MMA, juntamente com organizações ambientais locais e internacionais, está preocupado com os impactos ecológicos da perfuração no litoral norte. No final de maio, Thiago Longo Menezes, coordenador-geral de mudanças climáticas do MMA, revelou que a decisão de explorar a área não deveria ser tomada antes da conferência climática COP-30, que será realizada no Pará em novembro de 2025.

PARCERIAS

Yasir Al-Rumayyan, presidente do Instituto FII e governador do fundo soberano da Arábia Saudita, disse no evento que “estamos interessados em investir em tecnologia, energia renovável, mineração e, esperançosamente, também em futebol. Considerando a população da Arábia Saudita, com 65% ou 70% tendo 35 anos, uma das coisas que nos interessa é recriar a questão do entretenimento também no esporte.”

Após comprar a refinaria Landulpho Alves (RLAM, hoje Mataripe) da Petrobras, na Bahia, a Acelen, subsidiária do grupo emiradense Mubadala, agora patrocina os dois maiores times de futebol do estado: Bahia e Vitória.

Enquanto isso, a empresa discute uma parceria com a Petrobras, que pode envolver a recompra de participação na Mataripe.

“Vejo no relacionamento com a Arábia Saudita grande potencial de ganhos recíprocos e quero que seja exemplo modelar para as relações sul-sul que almejamos promover. Há claros pontos de convergência entre nossos projetos de desenvolvimento”, destacou Lula.

O presidente informou ainda que, na próxima cúpula do G20 – que ocorrerá em novembro, no Rio de Janeiro –, serão discutidos três temas que interessam à Arábia Saudita: desigualdade, governança global e transição energética.