Lula substitui ministros para reforçar apoio do Congresso

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, substituiu dois ministros em uma tentativa de obter votos do Congresso em pautas chave para o governo.

A ministra dos Esportes, Ana Moser, será substituída pelo deputado André Fufuca (PP-MA), e o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, por Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

O PP e os Republicanos fazem Centrão, bloco que, em troca de cargos e verbas, vota a favor de pautas importantes ao governo federal.

“O governo Lula tem [planos] importantes que dependem de ampla aprovação no Congresso, como a aprovação final da reforma tributária e de outras medidas que o governo quer implementar para aumentar alguns impostos, visando conseguir dinheiro para seus programas sociais nos próximos anos, então precisa atrair o apoio desses partidos do Centrão”, disse à BNamericas Mário Sérgio Lima, analista político sênior da Medley Global Advisors.

O governo também planeja oferecer cargos-chave na Caixa Econômica Federal. O banco é um importante foco de interesse político devido à sua dimensão e atividade em áreas-chave, como infraestrutura e serviços de água.

“Esta é uma aposta um tanto arriscada de Lula, porque temos que considerar que ele está no cargo há menos de um ano e já precisa ceder cargos importantes para ganhar apoio no Congresso”, acrescentou Lima.

Embora o índice de aprovação pública de Lula esteja aumentando num contexto de melhoria da economia, a sua administração está a lutar para obter o apoio de um Congresso dominado pelo Centrão.

PRIVATIZAÇÕES DE PORTOS

As mudanças reavivaram as esperanças entre o setor empresarial de que as privatizações portuárias poderiam ser retomadas. Os investidores estão especialmente interessados no maior porto do país, em Santos.

O antecessor de Lula, Jair Bolsonaro, prosseguiu uma estratégia abrangente de privatização dos portos, mas assim que o novo governo assumiu, em janeiro, todos os processos foram suspensos, sendo França um grande opositor à venda dos ativos.

Costa Filho, por sua vez, é membro do mesmo partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que foi ministro da Infraestrutura durante o governo Bolsonaro e é a favor das privatizações portuárias.

Tarcísio tentou repetidamente convencer Lula dos benefícios de uma privatização de Santos.

“Faz sentido que aumentem as especulações em relação à privatização dos portos, devido à mudança de ministro. Porém, acho pouco provável que essas privatizações avancem, porque o partido governista de Lula é contra a agenda de privatizações. O que teremos em relação aos portos são contratos de concessão e PPPs para alguns serviços, mas não a privatização total”, comentou Lima.