Mato Grosso lança chamada para ferrovia de US $ 2,3 bilhões

O estado do Mato Grosso, no centro do Brasil, lançou uma chamada pública para a construção de uma linha ferroviária de carga avaliada em 12 bilhões de reais (US $ 2,3 bilhões).

A ferrovia de 700 quilômetros ligará a capital Cuiabá a áreas produtoras de grãos como Rondonópolis, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, além de se conectar à malha ferroviária nacional.

“Esse modal é muito importante para a produção de grãos, mas também conecta a indústria e o comércio de Mato Grosso com o mercado nacional. A indústria de alimentos e etanol vai usar essa ferrovia”, disse o governador Mauro Mendes em nota.

Segundo fontes do governo estadual consultadas pelo BNamericas, a logística Rumo , do conglomerado sucroenergético Cosan, é considerada a preferida para assumir o projeto, que será concedido por meio de autorização e não de licitação.

Legisladores estaduais aprovaram recentemente um projeto de lei que permite que atores do setor privado assumam projetos ferroviários sob o modelo de autorizações , mecanismo que também está sendo cada vez mais utilizado em outros estados .

Anteriormente, qualquer empresa interessada em operar ou investir em uma ferrovia era obrigada a passar por um longo processo licitatório que precisava ser organizado pelo governo federal, que podia levar anos.

A construção da linha de Mato Grosso está prevista para começar em seis meses após a emissão da licença ambiental de instalação. A conclusão do terminal de Cuiabá está prevista para o segundo semestre de 2025 e o terminal de Lucas do Rio Verde para o segundo semestre de 2028.

MAIS INVESTIMENTOS PROJETADOS

Mato Grosso está atraindo o interesse de players de infraestrutura, já que se espera que o estado veja uma onda de investimentos em projetos de transporte nos próximos anos, já que a produção de grãos deve dobrar.

No início deste mês, o consórcio brasileiro de infraestrutura Via Brasil venceu o leilão para a concessão da rodovia BR-163/230, que liga o Mato Grosso ao Pará.

O consórcio - formado pelos grupos locais de infraestrutura Conasa Infraestrutura e Zetta Infraestrutura e Participações, juntamente com Rocha Cavalcante e M4 Investimentos - vai pavimentar e operar um trecho de 1.009 km da rodovia.

A concessão irá gerar cerca de 1,87 bilhão de reais em investimentos e despesas operacionais de 1,2 bilhão.

“Estamos muito interessados na operação das rodovias do Mato Grosso, porque a produção de grãos no estado vai dobrar nos próximos anos e a logística de transporte por lá ainda precisa de muitas melhorias”, disse ao BNamericas o presidente da Conasa, Mário Marcondes.

Os projetos ferroviários do governo federal Ferrogrão e FICO também são projetados para atender, em parte, a demanda por transporte de grãos na região.

“Sempre existe o risco de excesso de oferta de projetos logísticos em uma determinada região, mas uma coisa é certa, a área de commodities agrícolas, que é o segmento onde Mato Grosso é muito forte, é um setor que nunca decepcionou em termos de desempenho nas últimas décadas ”, disse ao BNamericas João Pedro Boskovic Cortez, especialista em infraestrutura da consultoria financeira Vallya.