Mercado Livre vai ‘regionalizar’ capex logístico para cidades menores da América Latina

Após um intenso período de investimentos em centros operacionais e logísticos nas maiores cidades de seus principais mercados latino-americanos, executivos do Mercado Livre afirmaram que, a partir de agora, o foco principal será nas cidades menores.

Em setembro, o Mercado Livre anunciou planos para mais que dobrar o número de centros de distribuição no Brasil até o final de 2025. Isso implica em 11 novas operações, das quais cinco foram incluídas no terceiro trimestre. 

A expectativa é que os investimentos permitam à empresa aumentar em 40% o número de cidades brasileiras onde realiza entregas no mesmo dia.

“Alguns deles serão centros de distribuição metropolitanos, semelhantes ao modelo que introduzimos no Rio de Janeiro no ano passado, que são operações menores voltadas para cidades individuais”, disse o diretor de relações com investidores Richard Cathcart em uma teleconferência sobre resultados do terceiro trimestre.

Cerca de 63% das operações estarão fora de São Paulo, já que a empresa busca regionalizar sua rede.

No total, o Mercado Livre investiu US$ 120 milhões em logística no trimestre. Apesar disso, os investimentos recentes, principalmente no Brasil e no México, não representam um novo plano de capex multianual.

“Se você olhar o capex deste trimestre, no qual abrimos seis centros de distribuição, nossa logística foi de US$ 120 milhões, o que foi mais do que no trimestre anterior, é claro. Mas, como percentual da receita, está relativamente estável em comparação com os últimos trimestres. Então, não é um ciclo de investimento”, disse o CFO Martin de los Santos.

Agora, a empresa vai “regionalizar” sua capacidade logística, construindo armazéns para atender clientes fora dos principais centros urbanos, com entregas mais rápidas e, potencialmente, alcançando melhores taxas de retenção. 

“Pretendemos continuar construindo a capacidade que precisamos para garantir que possamos lidar com o crescimento da demanda que estamos prevendo para o Mercado Livre, o crescimento da penetração que teremos no Brasil e em outros países, além de normalizar a capacidade necessária para operar no México, após alguns anos em que operamos com capacidade bastante apertada”, afirmou Ariel Szarfsztejn, presidente de comércio da empresa.

“Portanto, não há nova direção, nenhuma mudança em termos de ciclos de investimento, apenas a realidade sobre o que acreditamos ser necessário fazer para continuar ganhando participação de mercado, como temos feito nos últimos anos”, acrescentou Szarfsztejn.

Desempenho

O preço das ações do Mercado Livre na Nasdaq caiu 16,2% na quinta-feira, após a empresa divulgar resultados do terceiro trimestre que ficaram abaixo das expectativas. 

A empresa relatou lucros por ação de US$ 7,83, abaixo da previsão de consenso de US$ 10,57.

O Mercado Livre atribuiu a queda ao aumento dos investimentos para expansão da rede logística e do negócio de cartões de crédito.

O CFO disse que a empresa continuaria com os “negócios normais” na frente de investimentos, assim como tem feito nos últimos cinco anos.

O lucro líquido do trimestre foi de US$ 397 milhões, um aumento de 11% em relação ao ano anterior.

A receita foi de US$5,31 bilhões, um aumento de 35% apesar dos desafios cambiais, superando a previsão de consenso de US$ 5,27 bilhões.

Os resultados completos da empresa podem ser vistos aqui, em inglês.