México pode atrair US$ 1,9 bi em investimentos no setor automotivo com nearshoring

O México pode atrair até 36,2 bilhões de pesos (US$ 1,9 bilhão) em investimentos relacionados à indústria automotiva devido ao nearshoring nos próximos dois a três anos, de acordo com um novo relatório produzido pelo grupo financeiro Monex, intitulado “Nearshoring V: Boom de la industria automotriz”.

“Do ponto de vista da manufatura, nossa estimativa de fluxo devido ao nearshoring para a indústria automotiva representa 36,2 bilhões de pesos nos próximos dois ou três anos”, aponta o relatório. “Considerando a injeção de capital que o setor tem testemunhado nos últimos anos, é provável que os fluxos estimados [de capital] se tornem realidade.”

Entre todos os novos anúncios de investimentos feitos antes do final do primeiro semestre deste ano, 53% estavam relacionados à manufatura, com a indústria automotiva respondendo por 16% e o subsetor de autopeças por 15%.

“O México está se posicionando como um país ideal para atrair investimentos, consolidando um forte horizonte de desenvolvimento e crescimento econômico”, diz o documento.

Os anúncios de investimento estrangeiro direto (IED) relacionados à indústria automotiva aumentaram nos últimos dois anos, segundo o Monex. No final do primeiro semestre, a maioria dos anúncios de IED foi feita por empresas dos Estados Unidos (31,2%), seguidas por companhias alemãs (23%) e japonesas (20,8%), com a General Motors, a Volkswagen e a Nissan encabeçando a lista.

“Além disso, no curto prazo, há previsões de reinvestimentos da General Motors, Volkswagen e BMW, gerando a expansão de suas linhas [de produção] atuais, já que elas contam com nove, duas e uma fábrica [no México], respectivamente”, ressalta.

Os novos anúncios de investimento são focados principalmente no mercado de veículos elétricos (VEs), como os da Tesla e da chinesa BYD da China. O Monex acredita que o projeto da Tesla será reativado após as eleições dos EUA, em novembro.

Outro setor que se beneficiou da tendência do nearshoring é o de construção e operação de parques industriais, o que leva a uma menor disponibilidade de espaço.

“Em 2023, a disponibilidade do setor imobiliário era de 2,2%, ante 3,8% em 2021, impulsionada pelo dinamismo dos mercados do norte”, afirma o relatório.

Apesar desse cenário positivo, a nova gestão liderada por Claudia Sheinbaum enfrentará desafios que “podem inibir a atração de um número maior de empresas estrangeiras”. Entre eles, o relatório destaca falta de infraestrutura energética com congestionamentos em linhas de transmissão, infraestrutura de água e redes de esgoto insuficientes, disponibilidade de terrenos e escassez de trabalhadores especializados.

Outros desafios são as altas taxas de juros, as flutuações na taxa de câmbio e a possibilidade de Donald Trump retornar à presidência dos Estados Unidos, já que ele anunciou que pretende impor tarifas sobre veículos chineses fabricados no México.

“Com essa situação, outro fator decisivo será a revisão do USMCA [acordo comercial entre México, EUA e Canadá] em 2026. Esse contexto tem gerado preocupação entre empresas chinesas que cogitam estabelecer operações no México e aquelas que dependem de fornecedores chineses”, diz o documento.