México quer criar plano nacional da indústria digital

O México quer desenvolver uma política digital abrangente com a contribuição da indústria, do setor privado, da academia e do governo para promover projetos estruturados de transformação digital, com foco principal em IA, semicondutores, nuvem, robótica e nearshoring.

Uma versão preliminar da proposta para o plano nacional da indústria digital, abrangendo os próximos 15 anos, até 2040, foi apresentada nesta quarta-feira (28) em um evento na sede do regulador mexicano de telecomunicações IFT.

A proposta é a base de um amplo estudo de autoria de Arturo Oropeza García, membro do Inadi, instituto de desenvolvimento industrial e transformação digital do país, e doutor em direito pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

A política seria apoiada por um conselho nacional, composto por representantes dos setores público e privado, e inspirada nas melhores práticas de nações asiáticas e europeias em termos de políticas industriais conduzidas pelo Estado.

“É necessário ter um modelo sistêmico. Nesse sentido, estamos falando de integração, de um conselho industrial digital nacional. O que vimos é que os modelos asiáticos são criados principalmente pela vocação do Estado”, apontou Oropeza García no evento, transmitido ao vivo pela internet e promovido pela Huawei, em parceria com o Inadi e a associação empresarial CCE.

García também fez referência ao Brasil, que acaba de lançar um plano nacional de IA e, no início deste ano, apresentou uma nova política industrial com foco em tecnologia, entre outros aspectos.

O especialista ressaltou que a proposta não é criar um modelo baseado em investimentos públicos.

Estruturada pelo setor público, explicou ele, a política nacional serviria para consolidar diferentes programas e iniciativas, além de promover o investimento privado e o desenvolvimento científico.

Além de criar o conselho nacional e formular o plano digital nacional para 2024-2040, outros pontos da proposta incluem aumentar os investimentos para atingir o equivalente a 35% do PIB, com cerca de 8% do financiamento vindo de bancos de desenvolvimento.

O plano também promoveria medidas que permitiriam dobrar o investimento estrangeiro direto no país em cinco anos, além de fazer com que 3% do PIB do país fosse destinado a gastos em infraestrutura entre 2025 e 2035.

Outros itens incluem a expansão do desenvolvimento sustentável, a promoção de cursos e carreiras nas áreas de ciência, tecnologia, economia e matemática (STEM, na sigla em inglês), a redução do custo total do espectro e o aumento do valor agregado bruto do e-commerce para 15% do PIB do país, bem como o aumento das exportações de produtos de TIC para que representem 20% do total de exportações do país.

“Objetivos desse tipo podem ser alcançados. Assim como estamos vendo muitas ameaças e um grande desafio histórico, também estamos vivendo uma grande era de oportunidades. O nearshoring é uma delas, a mudança geopolítica é outra. Temos o início dessa transformação digital, que, por si só, é uma grande oportunidade para todos os países”, disse Oropeza García.

“A quarta revolução industrial está chegando ao fim. A primeira revolução digital está começando com força. É uma grande oportunidade.”