México tem US$ 4,5 bi em projetos de mineração suspensos devido a reformas

A Câmara de Mineração do México (Camimex) alertou que projetos envolvendo investimentos de US$ 4,5 bilhões estão suspensos devido à incerteza criada pelas reformas regulatórias promovidas pelo governo. 

A maior parte dos obstáculos aos projetos decorre das dificuldades na obtenção de licenças ambientais das autoridades, conforme afirmou a diretora-geral da Camimex, Karen Flores, durante o fórum Os desafios da mineração no México, organizado pela Associação de Engenheiros de Minas, Metalúrgicos e Geólogos do México (AIMMGM). 

“Atualmente registramos mais de 220 autorizações suspensas com autoridades ambientais, o que representa investimentos de US$ 4,5 bilhões”, disse ela. “Eles também representam 50 mil empregos que estão suspensos porque não há conhecimento do aspecto técnico do setor para desbloquear as licenças.” 

A mineração metálica e não metálica foi afetada por uma política promovida pela administração do presidente Andrés Manuel López Obrador para congelar novas concessões e desacelerar os processos de licenciamento. 

Soma-se a isto a incerteza criada após a aprovação das reformas regulatórias, as quais, entre outras mudanças, deram ao Serviço Geológico Mexicano (SGM) direitos exclusivos de exploração. A falta de regulamentação para quatro leis alteradas que se aplicam ao setor também interrompeu várias iniciativas de mineração em estados como Chihuahua, Zacatecas, Durango e Guerrero. 

“São tempos de enorme incerteza. Sem exploração, o futuro da mineração mexicana estaria comprometido e a soberania mineira do país estaria em risco”, acrescentou Flores. 

“A mineração é sensível a todas as mudanças ideológicas ou revolucionárias e esta mistura jurídico-ideológica não ajuda em nada a atrair investimentos. Empregos estão sendo perdidos”, comentou no evento Raúl García Reimbert, presidente do Colégio de Engenheiros de Minas, Metalúrgicos e Geólogos do México (CIMMGM). 

Uma nova iniciativa presidencial para a reforma constitucional apresentada em janeiro, a qual visa proibir a mineração a céu aberto e priorizar o consumo doméstico de água, também colocaria novos obstáculos à mineração e teria sérios impactos econômicos, caso aprovada. 

“Uma proibição deste tipo seria catastrófica a nível nacional, afetando não apenas 60% da produção, mas mais de 1,5 milhão de empregos que dependem do setor”, disse Flores. 

Para Armando Ortega, presidente do comitê de mineração da Câmara Canadense de Comércio no México, o setor de mineração está sendo atacado. 

“Há mais de cinco anos que o setor está sitiado e parte deste discurso antimineração levou um segmento da opinião pública a rejeitar-nos”, afirmou ele no fórum. “Nos próximos dias atingiremos um clímax de polarização [devido às eleições de 2 de junho], mas não importa quem ganhe, teremos de reconstruir e reiniciar.”