Millicom registra queda de quase 40% no capex do primeiro trimestre de 2024

A Millicom, operadora de telecomunicações com foco na América Latina, informou que seu capex caiu 38,9% em relação ao ano anterior, para US$ 113 milhões no período de janeiro a março deste ano. 

“Essa redução no capex se deve, em parte, às medidas de eficiência tomadas durante 2023 e que não se materializaram na taxa de execução, mas uma parcela maior se deve ao ritmo mais lento de investimento neste trimestre de 2024", disse o diretor financeiro Bart Vanhaeren durante uma teleconferência com analistas para discutir os resultados do primeiro trimestre de 2024.

Ele acrescentou que o capex do trimestre não deve ser usado como indicação de investimento para o ano inteiro.

“Não sacrificamos o capex. Muito pelo contrário, otimizamos, principalmente, alinhando as áreas técnicas, de TI e vendas para maior eficiência”, explicou o COO Maxime Lombardini, na teleconferência.

A empresa renegociou contratos com fornecedores, tanto de rede quanto de TI, para reduzir seus custos. Também concordou em criar uma rede compartilhada com a Telefónica, na Colômbia.

Os esforços de eficiência para aumentar a sua margem em países como a Colômbia têm um lado negativo, que é sacrificar parte do crescimento do cliente. “Atualmente, estamos gastando muito menos do que costumávamos em equipamentos nas instalações dos clientes e isso tem sido historicamente um componente muito grande de nosso capex”, afirmou o CEO Mauricio Ramos.

“O resultado líquido de todos esses fatores é um aumento significativo no fluxo de caixa operacional (OCF), que praticamente dobrou ao longo do último ano. São boas notícias, mas é importante observar que isso pode não ser sustentável se optarmos por intensificar nossa atividade comercial para recuperar o crescimento de volume positivo em nosso negócio principal”, observou.

A Millicom encerrou março com 13,4 milhões de residências passadas, um aumento de 3,1% interanual. As unidades geradoras de receita caíram 8%, para 8,1 milhões, e o total de clientes atingiu 4,3 milhões. A ARPU (receita média por cliente) residencial cresceu 9,5% para US$ 28,3 milhões. 

Parte da estratégia de eficiência de custos da empresa é a reestruturação da Tigo Money para manter apenas países e casos de uso que façam sentido, explicou Lombardini.

“Não somos uma fintech. É um mercado muito complicado, muito competitivo, com mercados muito limitados. Então, decidimos nos concentrar nos países onde somos relativamente fortes, como Paraguai, Bolívia e Honduras, e em casos de uso específicos, principalmente aqueles que agregam algo ao negócio de telecomunicações, como recargas para pré-pagos e pagamentos de contas para reduzir o custo do consumo”, acrescentou.

Além da mudança nos serviços financeiros móveis, a empresa também avança na monetização de seu portfólio de torres.

AUMENTO NA RECEITA  

A receita da Millicom no primeiro trimestre de 2024 atingiu US$ 1,49 bilhão, um aumento de 8,6% devido ao crescimento de 5% na ARPU e nos contratos governamentais no Panamá, que adicionou quase 2 pontos percentuais ao crescimento da receita de serviços orgânicos no trimestre, disse Ramos.

As receitas da Colômbia aumentaram 21,2% em relação ao ano anterior, seguidas pelo Panamá com um crescimento de 17%. No Paraguai, as receitas subiram 3,2% e na Guatemala foram 2,2% superiores. As receitas na Bolívia ficaram estáveis.

O Ebitda aumentou 24,5% em relação ao ano anterior, para US$ 632 milhões, apesar de US$ 30 milhões de custos de reestruturação incorridos no período.

O lucro líquido da Millicom foi de US$ 92 milhões, muito acima dos US$3 milhões reportados no primeiro trimestre de 2023.