Mineração no México fecha trimestre no vermelho por conta de choques financeiros e regulatórios

A mineração no México teve uma contração de 5% em março, após um desempenho fraco nos primeiros dois meses do ano, segundo dados revisados do instituto de estatísticas Inegi, encerrando o primeiro trimestre com uma queda média de 1,3%.

Os serviços relacionados com a mineração sofreram uma queda de quase 17% no terceiro mês do ano, depois de terem caído 12,7% em fevereiro, de acordo com o indicador mensal da atividade industrial do Inegi. Em janeiro, o item registrou recuperação de 1,6%, embora o valor do primeiro trimestre tenha caído 8,9%.

“O setor de mineração está sofrendo um choque triplo: um ambiente inflacionário que aumenta seus custos operacionais, uma taxa de câmbio que impacta sua receita em pesos e um ambiente regulatório que inibe seus investimentos e crescimento”, disse à BNamericas Armando Ortega, presidente do comitê Mining Task Force da Câmara de Comércio Canadense (CanCham) no México, sobre o desempenho da mineração no primeiro trimestre.

“O mais importante são os efeitos da queda na exploração geológica devido à incerteza e à falta de segurança jurídica, aliados à falta de licenças ambientais, cujos procedimentos estão no limbo”, afirmou Raúl García Reimbert, presidente do colégio de engenheiros de minas, metalúrgicos e geólogos CIMMGM, em resposta a uma pergunta da BNamericas sobre os motivos que explicam as quedas no setor.

“A questão dos serviços é grave, pois acarreta perdas consideráveis de empregos”, acrescentou García. Ele explicou que, embora os preços dos metais preciosos e do cobre tenham se mantido muito bons, o preço do dólar compensa em certa medida esses efeitos positivos.

A mineração metálica e não metálica foi afetada pela política de congelamento da entrega de novas concessões por parte do governo de Andrés Manuel López Obrador, bem como pela incerteza gerada após a reforma de mineração de maio que, entre outras mudanças, garantiu ao serviço geológico SGM a exclusividade da exploração.

A falta de regulamentação para quatro leis modificadas que se aplicam ao setor mantém paralisados vários processos de mineração, sobretudo aqueles ligados à exploração, o que, por sua vez, afeta a demanda por serviços relacionados, segundo a indústria.

Uma nova iniciativa presidencial para a reforma constitucional apresentada em janeiro para proibir a mineração a céu aberto e priorizar o consumo doméstico de água traria novos obstáculos à atividade mineral e teria efeitos econômicos “graves” se aprovada, segundo representantes do setor.

A exploração a céu aberto contribui com 59% do valor da produção mineral nacional, de acordo com a CanCham no México e a associação de engenheiros de minas, metalúrgicos e geólogos AIMMGM.