Multinacional de TI, Almaviva, intensifica presença na América Latina após acordo no Brasil

A multinacional italiana de TI Almaviva, uma empresa com sólida capacidade financeira e apetite por expansão, está preparada para ampliar suas operações na América Latina após adquirir o controle da empresa brasileira de serviços de TI, Magna Sistemas.

A transação foi concluída em abril por R$ 340 milhões (US$ 64,5 milhões), após negociações que já estavam em andamento desde agosto de 2022. Com o acordo, a Magna Sistemas se tornou Almaviva Solutions. O ex-CEO da Magna, Adriano Dias, permanece no comando da empresa renomeada.

“Eles têm uma porcentagem de faturamento muito grande no setor de governo na Itália. E somos muito fortes nesse segmento no Brasil, sobretudo no estado de São Paulo. No setor privado, eles são bastante fortes em transporte. Nós temos muito projetos em portos, terminais e assim por diante”, disse Dias à BNamericas, referindo-se às sinergias previstas.

O grupo Almaviva considera a transação como uma oportunidade para fortalecer diversos segmentos da América Latina, onde tem se destacado, sobretudo, por BPO (Digital Relationship Management, DRM, serviços de terceirização) e operações de call center para grandes empresas.

Projetos de cidades inteligentes, tecnologias de gestão de instalações e imóveis, implantações de IoT, salas de controle e transporte e defesa estão entre as áreas visadas após o acordo.

A empresa italiana também está preparada para “atividades intensas e contínuas de fusões e aquisições” focadas em melhorar a oferta e a presença em transporte, finança, saúde e cibersegurança, tanto na Itália quanto no exterior, segundo informado em uma apresentação corporativa trimestral.

O acordo da Magna foi financiado principalmente com recursos da Almaviva e com a contribuição da Simest, empresa do grupo Cassa Depositi e Prestiti que apoia a expansão internacional das empresas italianas.

ACORDO FIRMADO

De acordo com Dias, um primeiro encontro entre as partes ocorreu em agosto de 2022, em um evento na Itália.

A Magna, que é parceira e consultora de longa data da IBM no Brasil, com mais de 20 anos de atuação, não considera vender participações nem seu controle, disse ele. “Estávamos nos posicionando no mercado mais como compradores do que como vendedores.”

A Magna também vinha elevando seu Ebitda de forma consistente e apresentando “sólida saúde financeira”, segundo o executivo. No entanto, o negócio parecia uma oportunidade para impulsionar o caixa, expandir a força de trabalho e aumentar as vendas cruzadas e incrementais com a Almaviva, além de diversificar os negócios.

A empresa brasileira tem sede em São Paulo, com duas filiais (Rio de Janeiro e Brasília) e mais de 1 mil profissionais operando em todo o país. Encerrou 2023 com mais de R$ 500 milhões em receitas e mais de 100 clientes ativos.

Conforme o acordo firmado, a Almaviva poderá comprar os 49% restantes da Magna nos próximos anos, dependendo das condições de mercado e do desempenho geral das operações, podendo levar a transação até R$ 800 milhões.

A Almaviva afirma ser o terceiro maior grupo italiano em termos de colaboradores, com 45 mil pessoas e 79 escritórios em 13 países. Do total de funcionários, 39 mil estão fora da Itália. A companhia controla cerca de 30 empresas, marcas ou subsidiárias sob a sua égide global.

A empresa encerrou 2023 com um faturamento de € 1,18 bilhão, um aumento de 8,3% em relação ao ano anterior.

No primeiro trimestre, as operações latino-americanas centradas na subsidiária Almaviva do Brasil representaram € 309 milhões em receitas, ou 26% do total da empresa para o trimestre.