Não há projetos para novas construções de minas no Peru este ano

O setor de mineração do Peru não planeja construir minas este ano, disse Carlos Gálvez, ex-presidente da sociedade de mineradoras SNMPE, à BNamericas.

O megaprojeto de cobre Quellaveco, de US$ 5 bilhões, de propriedade da Anglo American, deve iniciar sua produção em junho, dando um importante apoio ao país, o segundo maior produtor de cobre do mundo.

No entanto, Gálvez disse que, após a inauguração, acabam as construções de projetos. “Vamos passar para a manutenção do capex na atividade mineira, o que terá impacto não só no crescimento económico, mas também na geração de empregos”, alertou.

Gálvez acrescentou que, dado o conflito político no Peru, não se concretizariam investimentos relevantes para a expansão das minas, como é o caso da Yanacocha Sulfuros, controlada pela norte-americana Newmont.

Gálvez indicou que este investimento, que deveria ter começado em 2021, continuará sendo adiado, embora a empresa não tenha dito que o está adiando.

PREOCUPAÇÃO COM POSSÍVEIS OBSTÁCULOS

O ex-presidente da SNMPE diz que no momento há preocupação no setor com a possibilidade de serem apresentados projetos de lei que gerem maiores restrições ou entraves burocráticos para a atividade.

Menciona como exemplo a intenção do governo de enviar um projeto de lei para dar aos governos regionais o poder de decidir onde se pode realizar atividade de mineração, “passando a um conceito mais regional que nacional”, assim como um possível endurecimento nos direitos de uso da água.

Após os conflitos sociais ocorridos no ano passado em algumas minas peruanas, que afetaram a produção, a atividade agora está se desenvolvendo normalmente, embora persista o risco de surgirem novos problemas que prejudiquem as minas locais.

“A produção mineira, com altos e baixos, está acontecendo, mas não sabemos quando vão surgir novos conflitos que afetem a produção”, disse Gálvez.

A SNMPE estimou em dezembro que os conflitos sociais registrados na mineração em 2021 levaram a que se deixasse de produzir cerca de 150 mil t, o que afeta não só os produtores, mas também o estado, que deixa de receber importantes recursos de impostos do setor.

A operação de cobre mais afetada pelos conflitos foi Las Bambas, de propriedade da MMG. No ano passado, ela enfrentou várias paralisações, a última em dezembro, que desacelerou suas operações devido ao bloqueio das comunidades de Chumbivilcas na rodovia, a cerca de 200 km do depósito por onde transporta seus concentrados.

Las Bambas retomou a produção no início deste ano, depois de quase duas semanas parada devido a bloqueios que impediram a transferência de suprimentos e pessoal para a mina.