Nearshoring abre oportunidades para o desenvolvimento do 5G empresarial, segundo a Ericsson

A fabricante sueca de equipamentos de telecomunicações Ericsson vê uma oportunidade para o desenvolvimento de redes empresariais 5G em novos investimentos em nearshoring.

“Na América Latina, e em particular no México, acredito que esse processo de nearshoring abre uma grande oportunidade para o desenvolvimento de redes no ambiente industrial”, disse Francisco Rey, gerente comercial da área corporativa para a região norte da América Latina da Ericsson, em conversa com a BNamericas.

“Neste momento, estamos vendo o início de projetos com a construção de novas plantas industriais ou a expansão de portos para captar o maior tráfego industrial por conta da realocação de empresas ou do replanejamento das cadeias de abastecimento globais”, acrescentou.

A empresa já começou a trabalhar em projetos relacionados a novas unidades industriais, principalmente no setor de autopeças e automotivo no México.

A Ericsson também negocia com portos que estão em expansão para acomodar o aumento do tráfego de mercadorias.

Essas conversas são iniciadas de maneira direta ou por meio de operadoras móveis e integradores.

“Começamos a ver um interesse nascente, que ainda não se materializou, em grandes projetos”, acrescentou Rey.

Esses casos de negócio exigem um investimento inicial substancial, com períodos de retorno em longo prazo.

“Não se trata apenas de viabilizar o 5G, mas de criar um ecossistema de dispositivos, pessoas, sistemas e processos em torno disso”, afirmou o executivo.

No Chile, a operadora de telecomunicações Entel passou a ser distribuidora, revendedora e integradora de equipamentos 5G da Ericsson para empresas. No México, a empresa tem acordos semelhantes com operadoras, mas eles não são públicos.

Além das operadoras de telecomunicações, que oferecem a experiência na construção de redes e no uso de frequências do espectro, a Ericsson está em busca de integradores especializados em diferentes verticais para agregar ao ecossistema.

A Ericsson conta com um ecossistema de quatro parceiros de negócios no México, incluindo operadoras móveis e integradores.

A empresa também busca gerar esse tipo de aliança na América Central.

Os nomes dos parceiros, bem como dos clientes finais, não podem ser divulgados por motivos de confidencialidade.

PORTOS

A Ericsson já desenvolveu uma rede 4G para um pátio de contêineres no Panamá, e agora está trabalhando no próximo passo com o 5G.

O porto implantou uma solução 4G para monitoramento de ativos e atualmente está trabalhando em novos casos de uso com 5G, como automação de processos, guindastes e ferramentas, além de controle remoto de máquinas.

“Outra aplicação em estudo é o monitoramento de cargas sensíveis, como cargas refrigeradas. É importante acompanhar o ciclo e conhecer suas condições para evitar deterioração”, explicou.

Segundo Rey, esse tipo de aplicação não era tão fácil ou economicamente viável com as redes 4G atuais.

Estudos compartilhados pela Ericsson indicam que tecnologias avançadas de comunicação como o 5G podem prevenir 75% dos roubos nos portos e reduzir em até 42% o risco de acidentes causados por erro humano no transporte de contêineres e mercadorias.

Além disso, a utilização de redes 5G permite que os portos aumentem sua eficiência e competitividade, otimizando os tempos de carga e descarga e reduzindo as emissões de CO₂.

Além do México e do Panamá, a Ericsson vê oportunidades na Costa Rica, na República Dominicana e em El Salvador, onde a empresa já começou a identificar focos de interesse no desenvolvimento de redes sem fio empresariais.