NEC acelerará projetos de conectividade da indústria brasileira

A integradora japonesa NEC está trabalhando para acelerar novos projetos de redes privadas no Brasil, com negociações em andamento nos setores de manufatura, agronegócio e logística, disse José Renato Gonçalves, CEO da empresa no Brasil, à BNamericas.

A única iniciativa em andamento onde a NEC está envolvida como integradora é a rede privada do Hospital das Clínicas de São Paulo, o maior complexo hospitalar da América Latina.

O projeto 5G foi anunciado em setembro do ano passado. Baseado no conceito OpenRAN, foi concebido pela gigante de consultoria Deloitte.

A NEC ingressou como integradora da rede, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) entrou como parceira e cofinanciadora, enquanto os equipamentos de saúde foram fornecidos pela Siemens.

Os dados transmitidos pelas duas antenas 5G Airspan instaladas no hospital são enviados e processados no datacenter do Itaú Unibanco, outro parceiro do projeto, em servidores da Cisco, Dell e HP.

“A segunda fase deste projeto consiste em implementar a rede em uma cidade no Pará, em Santarém, conectada com o complexo em São Paulo. Estamos vendo agora a questão do funding e como viabilizar isso. Depois, a ideia é expandir para outras cidades no país”, afirmou Gonçalves em entrevista recente no evento Futurecom, realizado em São Paulo.

Outro foco da NEC é a observabilidade, ou seja, fornecer toda a visibilidade sobre o ecossistema digital de uma empresa, do front ao back-end, incluindo redes, ambientes híbridos e cargas de trabalho locais e na nuvem.

“Outra frente de negócios é em cidades inteligentes. Temos muita coisa nesse sentido na Argentina e no Chile que estamos trazendo para o Brasil, sobretudo nas áreas de mobilidade urbana e controle de tráfego, além de uma linha de iluminação pública, entre outros”, afirmou o executivo, acrescentando que a empresa também está avançando na vertical do setor público.

No ano passado, a NEC ganhou um contrato para fornecer uma solução de firewall da marca Cisco para a Secretaria da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo. O acordo inclui hardware, software e licenças, bem como suporte técnico, manutenção e atualizações tecnológicas.

A ESTRATÉGIA PARA RAN

A NEC posicionou-se como fornecedora ambicioso de equipamentos de rede aberta no modelo OpenRAN. No entanto, apesar de vários compromissos nos últimos anos, a iniciativa ainda não decolou no Brasil e no resto da América Latina.

“O OpenRAN está dentro de uma estratégia de médio-prazo para a NEC Corporation. Nossa estratégia, hoje, é desenvolver nosso próprio software de OpenRAN. E aí, sim, em cima disso, integrar rádios de diversos fabricantes, servidores, entre outros”, afirmou Gonçalves. “Este software, nas suas primeiras versões, deverá estar pronto em meados do ano que vem.”

De acordo com a consultoria Dell'Oro, a NEC estava entre os quatro principais fornecedores de OpenRAN em receita no primeiro semestre de 2023, atrás da Samsung e à frente da Fujitsu e Rakuten Symphony.

“A NEC experimentou uma melhoria material em sua participação no mercado de OpenRAN entre 2022 e o primeiro semestre de 2023, enquanto a participação na receita de OpenRAN da Mavenir caiu no mesmo período”, escreveu Dell'Oro em um relatório de agosto.

As receitas globais de OpenRAN e virtualized RAN diminuíram no segundo trimestre de 2023, marcando o primeiro trimestre de contrações interanuais desde que a Dell'Oro começou a rastrear as arquiteturas de próxima geração, em 2019.

A NEC registrou 707 bilhões de ienes (US$ 4,7 bi) em receitas globais no trimestre encerrado em 30 de junho, um aumento ano a ano de 7,1%.

Do total, 386 bilhões de ienes (+8,6%) corresponderam à unidade de serviços de TI, enquanto 215 bilhões (+8,9%) vieram do segmento de infraestruturas sociais, as suas duas principais linhas de negócio. A empresa não fornece números de receita regional.

A NEC opera no Brasil, seu maior mercado na América Latina, há mais de 50 anos.