Negociações de compensação da tragédia da mineração no Brasil falham

As negociações para compensar as vítimas da tragédia da mineração de Mariana em 2015 falharam depois que representantes do estado, da mineração e da justiça brasileiros não chegaram a um acordo sobre o valor certo.

O estado de Minas Gerais almeja 126 bilhões de reais (US$ 24,4 bilhões) como mínimo, o que traria uma compensação a um recorde mundial, confirmou um porta-voz do governo estadual ao BNamericas.

O rompimento de uma barragem de rejeitos na cidade de Mariana matou 19 pessoas e causou uma enorme destruição ambiental, afetando até mesmo o vizinho estado do Espírito Santo. A barragem era operada pela produtora de pelotas de minério de ferro Samarco Mineração, uma joint venture entre a Vale e a BHP.

Devido aos valores envolvidos, o Conselho Nacional de Justiça está mediando. O Conselho é composto por nove juízes, dois promotores, dois advogados independentes e dois cidadãos com profundo conhecimento jurídico. A data para uma nova rodada de negociações ainda não foi definida.

A Fundação Renova, entidade criada pela Samarco, BHP e Vale para administrar fundos de indenização, reparações, remediação e reassentamento, já pagou R$ 23 bilhões em indenizações.

As negociações desmoronaram enquanto o presidente do fórum de fundos de pensão das autoridades locais do Reino Unido (LAPFF), Doug McMurdo, está viajando pelo Brasil para avaliar os impactos do colapso de duas barragens de rejeitos e as medidas adotadas para reparar os danos. A LAPFF administra ativos no valor de mais de 350 bilhões de libras (US$ 424 bilhões).

Os investidores globais tornaram-se mais exigentes em relação aos princípios ESG, especialmente no setor de mineração.

“Os fundos de investimento internacionais, especialmente os europeus, estão cada vez mais preocupados com a alocação de capital para empresas e projetos que respeitem as práticas ESG”, disse à BNamericas o executivo de uma grande instituição financeira internacional com presença no Brasil, pedindo anonimato.