Neuquén quer diversificar a rentabilidade de Vaca Muerta

A província argentina de Neuquén está ciente de que Vaca Muerta não gerará lucros para sempre, por isso pretende rentabilizar agora a formação de xisto para ajudar a diversificar a economia local e desenvolver infraestrutura em áreas que estão fora do principal centro econômico da capital.

“Temos uma janela de oportunidade que durará pelo menos 25 a 30 anos”, afirmou o chefe do gabinete provincial, Juan Luis Ousset, durante a conferência anual CAF - Cepal, realizada na capital chilena, Santiago.

Neuquén alcançou uma produção recorde de petróleo de 391.570 barris em fevereiro, dos quais 93% foram provenientes de Vaca Muerta. Entretanto, a produção de gás atingiu 89,4 MMm³/d (milhões de metros cúbicos por dia), de acordo com o ministério local da energia.

Apesar disso, Ousset destacou que cerca de 40% da população local ainda vive na pobreza e as áreas fora do departamento de Confluencia – que abriga cerca de metade da população – bem como a capital, Neuquén, possuem infraestrutura precária e acesso limitado a serviços como gás, e isso também funciona como uma barreira aos investimentos em Vaca Muerta.

“Não é possível desenvolver qualquer atividade sem a infraestrutura básica que uma província necessita”, afirmou.

Ousset retomou as metas da província com relação à formação de petróleo e gás como recursos de rentabilização, mas também proporcionando sustentabilidade social.

“O que queremos é acelerar os investimentos e proporcionar um quadro que ofereça segurança jurídica, mas também canalizar esses recursos para a diversificação da nossa matriz econômica”, acrescentou.

Nesse sentido, Ousset afirmou que o governo provincial chegou recentemente a um acordo com os operadores petrolíferos de Vaca Muerta para financiar um programa de bolsas de estudo. No entanto, admitiu que alguns dos outros fundos que seriam destinados a este objetivo foram “suspensos” em meio à repressão fiscal decretada pelo presidente Javier Milei.

As medidas de austeridade de Milei também suspenderam milhares de projetos de obras públicas em todo o país. As autoridades provinciais pedem agora à administração federal que retome o financiamento para, pelo menos, algumas iniciativas.

No caso de Neuquén, Ousset disse à BNamericas que a província quer a retomada do financiamento para um plano de desenvolvimento rodoviário e urbano de US$ 234 milhões que havia sido apoiado pela administração anterior.

Como alternativa, o governador de Santa Fé, Maximilliano Pularo, propôs que as províncias assumissem alguns dos projetos interrompidos para promovê-los sob um modelo de parceria público-privada (PPP).

Quando questionado sobre esta possibilidade, Ousset destacou que a estratégia poderia não ser viável para as províncias menores.

“Existem players privados que poderiam estar interessados em realizar determinados projetos em alguns locais. Porém, em algumas províncias, como é o caso da nossa, se não houver algum apoio do Estado, seria muito difícil haver interesse privado”, pontuou ele à BNamericas.