Newmont busca 100% da peruana Yanacocha

A Newmont tem como objetivo a propriedade total da mina de ouro Yanacocha (na foto) em um voto de confiança no setor de mineração do Peru.

A empresa norte-americana, maior produtora de ouro da América Latina, anunciou um acordo com a peruana Buenaventura para adquirir a participação de 43,65% dela na mina por US$ 300 milhões, além de pagamentos eventuais de até US$ 100 milhões, em parte vinculados aos preços do metal.

A transação daria à Newmont 95% da propriedade da Yanacocha, onde a empresa está promovendo uma expansão de sulfetos de US$ 2 bilhões com o objetivo de estender as operações até a década de 2040.

A Newmont também está buscando uma possível oportunidade de adquirir a participação de 5% da Sumitomo, que está avaliando se exercerá o direito de trocar sua participação em Yanacocha pelo preço de compra original.

“Esta aquisição [da participação da Buenaventura] dá à Newmont o controle do distrito de Yanacocha, onde estamos posicionando o projeto de sulfetos para produção lucrativa e geração de valor nas próximas décadas”, afirmou o CEO da Newmont, Tom Palmer, em um comunicado na terça-feira (08).

“Temos o compromisso de continuar sendo um catalisador para o desenvolvimento sustentável no Peru, trabalhando em estreita colaboração com as comunidades da região de Cajamarca e o governo peruano.”

Yanacocha, que já foi a maior mina de ouro da América Latina, com produção de mais de 2 Moz/ano, produziu 264 mil onças do metal no ano passado, de acordo com estatísticas do governo.

A empresa também atualizou o guidance de capex para refletir o aumento da participação na Yanacocha Sulfides.

A Newmont, com sede no Colorado, também está transferindo sua participação na joint venture La Zanja para a Buenaventura em troca de royalties sobre a produção futura.

PREOCUPAÇÕES DOS INVESTIDORES

O anúncio foi feito apesar das preocupações com as ambições políticas do presidente de esquerda Pedro Castillo e dos grandes conflitos sociais relacionados às operações de mineração, incluindo bloqueios na mina de cobre Las Bambas, operada pela MMG.

Nenhum projeto de mineração no Peru deve começar a construção este ano, e as empresas se preocupam com uma possível nova legislação que pode aumentar as restrições e os obstáculos burocráticos para o setor, analisou Carlos Gálvez, ex-presidente da associação de mineração e energia SNMPE, à BNamericas no mês passado.

A Newmont pode começar a construção da Yanacocha Sulfides em 2022, no entanto, com a empresa visando uma decisão de financiamento total no final do ano.

A Hochschild Mining, que tem as minas Inmaculada e Pallancata na região de Ayacucho, no Peru, anunciou planos de diversificar fora do país com a proposta de aquisição da empresa júnior Amarillo Gold, focada no Brasil, em novembro.

O anúncio veio dias depois das reportagens que diziam que quatro minas na região andina não teriam suas licenças renovadas, lançando dúvidas sobre o futuro das minas da Hochschild.

Um tempo depois, a mineradora de metais preciosos saudou a promessa do governo de defender o Estado de direito e disse que as minas continuarão a operar segundo a estrutura existente.