Norte-americana Smart Modular aposta no Brasil para produção de semicondutores

A norte-americana Smart Modular, uma das maiores empresas do setor de eletrônicos e semicondutores, está investindo R$ 150 milhões (US$ 31,5 milhões) para expandir a produção no Brasil com o objetivo de atender à crescente demanda dos mercados interno e externo e produzir componentes para IoT e redes inteligentes.

Apesar da crise do setor de semicondutores, a empresa conseguiu atender o mercado durante a pandemia com muito pouco impacto, revelou o CEO da Smart Brasil, Rogério Nunes, à BNamericas.

“Temos relações sólidas com nossos fornecedores. Temos um contrato de longo prazo com eles, em um relacionamento muito estável, e projetamos a demanda com uma visão de longo prazo de pelo menos três anos”, disse o executivo sobre os problemas de abastecimento.

A Smart Modular produz soluções de memória, como módulos de memória DRAM, unidades de estado sólido (SSD) e componentes eletrônicos removíveis e integrados baseados em flash. No Brasil, a empresa está presente há cerca de 20 anos.

Na semana passada, a empresa inaugurou sua “nova” fábrica brasileira. A expansão faz parte de investimentos de R$ 150 milhões ao longo de três anos para aumentar a capacidade, diversificar o portfólio de soluções e retomar as exportações.

Localizada na Zona Franca de Manaus, no Amazonas, a planta tem capacidade para produzir até 5 milhões de módulos de memória DRAM, 1,5 milhão de SSDs e 500 mil módulos de conectividade.

A quantidade aumenta a produção atual de 20 milhões de circuitos integrados de memória por ano da fábrica.

A empresa espera gerar 160 empregos diretos em Manaus. A Smart Modular também tem uma fábrica em Atibaia, no interior de São Paulo, mais focada em semicondutores, que já recebeu R$ 1,5 bilhão em investimentos.

Em IoT, a empresa tem como alvo módulos de conectividade aplicados a sensores para o mercado de medidores inteligentes de energia, gás e água, disse Nunes.

Outros investimentos nas operações brasileiras estão previstos para os próximos três anos, inclusive por meio de parcerias estratégicas com institutos de P&D públicos e privados.

A empresa, no entanto, não domina todo o ciclo dos semicondutores, e é responsável principalmente pelo encapsulamento dos módulos.

“Alguns dos nossos produtos podem ser usados por fábricas de bens finais. Não existem empresas elétricas e eletrônicas desse tipo no hemisfério sul. Existem na Argentina, mas é algo limitado. Eu preciso exportar para onde são fabricados os celulares e computadores”, afirmou Nunes.

Segundo Nunes, a Smart Brasil tem como alvo principal os EUA e a Europa com a exportação de alguns desses produtos, aproveitando eventuais lacunas deixadas por fornecedores chineses e russos em meio a disputas geopolíticas e sanções.