O projeto de lítio adquirido pela Codelco em um acordo de US$ 244 milhões

A aquisição da australiana Lithium Power International (LPI) pela Codelco, em uma operação que envolveu US$ 224 milhões, permitirá que a estatal chilena desenvolva o projeto de lítio Blanco, no salar de Maricunga, região do Atacama.

Blanco tem potencial para produzir 20.000 t/ano de carbonato de lítio e 58.000 t/ano de cloreto de potássio por 20 anos. O Serviço de Avaliação Ambiental (SEA) já concedeu a licença de construção, enquanto a autoridade nuclear outorgou uma licença de exportação de lítio em 2018.

Com a aquisição, a Codelco está em busca de sinergias exploratórias com outras propriedades em Maricunga. A área tem a melhor concentração de lítio em salmouras depois do Salar do Atacama.

A subsidiária local da LPI, Minera Salar Blanco, relatou este ano que a iniciativa exigirá um investimento de US$ 700 milhões, o que criará a necessidade de estabelecer uma aliança estratégica.

“Não tinha outro jeito, já que esse projeto tem poucos hectares [2.563 ha] e foi pensado para funcionar com piscinas solares. Além disso, eles são vizinhos. Quando fizeram as perfurações para o projeto Blanco, elas foram feitas na propriedade da Codelco, o que gerou até um conflito entre as duas. Agora, com 5.000 ha no total, o desenvolvimento já é viável”, disse à BNamericas Roberto Alfaro, CEO da Lithiuming, empresa chilena de engenharia e processos de lítio.

“Estima-se que um projeto de 20.000 toneladas de lítio no mercado hoje seja avaliado entre US$ 430 milhões e US$ 650 milhões”, apontou Alfaro.

Não se sabe se a Codelco manterá o acordo que a LPI fechou com a japonesa Mitsui sobre direitos de compra, financiamento e testes de tecnologias de extração direta. Na opinião de Alfaro, o acordo seria conveniente para apoiar os custos de construção e estaria alinhado com a estratégia nacional do lítio, que impõe a colaboração público-privada.

A LPI destacou em um relatório de abril que os processos de consulta com comunidades e povos indígenas como parte da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho haviam sido concluídos com sucesso.

A Codelco financiará a aquisição com recursos próprios. O negócio deve ser fechado no primeiro trimestre de 2024 sob as regulamentações australianas, de acordo com um comunicado da empresa estatal de cobre.

“A aquisição […] nos posiciona ainda mais em nossa estratégia de nos tornarmos fornecedores de metais críticos de relevância global para viabilizar a transição energética e cumprir a estratégia nacional do lítio”, comentou Máximo Pacheco, presidente do conselho de administração da Codelco, no comunicado.

Ao contrário das operações no Salar do Atacama, onde a agência estatal de desenvolvimento Corfo possui propriedades de mineração e arrenda contratos aos produtores SQM e Albemarle, a Minera Salar Blanco é a detentora exclusiva da propriedade e das concessões tanto para a fase inicial quanto para a segunda fase, tornando-se a terceira operação em produção em curto prazo no Chile.