Pemex nega doação de petróleo a Cuba

Octavio Romero Oropeza, CEO da petrolífera federal mexicana Pemex, entrou em confronto com parlamentares da oposição na última segunda-feira (9) em uma audiência no Congresso focada em supostas doações de petróleo a Cuba.

Durante as cinco horas da sessão com membros dos comitês de energia e infraestrutura da Câmara, Romero negou rumores de que o Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos (Exim Bank) teria cancelado um crédito de US$ 800 milhões à empresa devido ao envio de petróleo gratuitamente a Cuba.

“A Pemex […] não fez nenhuma doação de combustível a nenhum governo estrangeiro”, disse Romero.

O boato surgiu na última sexta-feira, quando a congressista norte-americana María Elvira Salazar (R-FL) enviou uma carta à presidente do Exim, Reta Jo Lewis, parabenizando-a pela decisão do banco de negar o empréstimo à Pemex por conta das “doações gratuitas à ditadura comunista de Cuba”.

Após ser pressionado pelos parlamentares, Romero afirmou na audiência que não houve o cancelamento de nenhum crédito. “Foi um acordo para não solicitar mais esse crédito. Não há sanção nem cancelamento por parte do Exim Bank em relação à Pemex.”

De acordo com os registros do Exim, disponíveis aqui, a Pemex retirou seu pedido de crédito em 23 de agosto.

Segundo Romero, a empresa exporta para 26 países, com dados disponíveis ao público.

A Reuters informou em agosto que o México substituiu a Rússia como principal fornecedor de petróleo a Cuba durante o segundo trimestre, citando monitores de embarcações. Entretanto, a agência de notícias EFE informou em setembro que a Pemex tinha enviado petróleo no valor de US$ 200 milhões para Cuba este ano, de acordo com dados da Universidade Texas A&M.

Aumento da produção e dívida

Durante sua apresentação inicial, Romero disse que a Pemex continuará aumentando a produção diária ao longo do mandato do presidente Andrés Manuel López Obrador, que termina em setembro de 2024. A produção diária deve atingir 1,886 MMb (milhão de barris) este ano e 1,887 MMb no ano que vem. Em 2022, o valor era de 1,785 MMb.

Cerca de 32% desta produção veio de campos que a Pemex começou a desenvolver durante a atual administração, a partir de 2018, apontou ele, acrescentando que o governo apostou em águas rasas ao redor do Golfo do México.

Em cinco anos, a Pemex alcançou oito vezes mais produção do que todos os 103 contratos atribuídos a operadores privados após a reforma energética de 2013.

Ao todo, os dados apresentados por Romero sinalizam que a Pemex somou 44 campos desde o início da gestão, quando contava com oito campos.

Romero também destacou que a Pemex reduziu sua dívida de US$ 110 bilhões em 17,8%. Um alívio adicional poderia ocorrer após a injeção de recursos que faz parte da proposta de orçamento federal para 2024. “A questão da dívida está desequilibrada. A Pemex não tem um único item no seu orçamento para o pagamento das amortizações da dívida”, destacou ele.

“Tem havido um endividamento significativo, mas não só não aumentamos a dívida da Pemex, como a livramos da dívida. Aqueles que criticam a Pemex como a empresa mais endividada do mundo devem morder a língua”, completou Romero.