Pemex recebe injeção federal de US$ 4 bi para ajudar com dívida

O governo de Andrés Manuel López Obrador transferiu 64,9 bilhões de pesos (US$ 4 bilhões) para a petrolífera federal mexicana Pemex visando ajudá-la a lidar com sua dívida de US$ 111 bilhões.

Alberto Jiménez, diretor financeiro associado, confirmou a transação durante a teleconferência de resultados do segundo trimestre, acrescentando que a empresa ainda não determinou se emitirá dívida nos próximos anos.

“Relativamente aos planos de entrada no mercado em 2023 e 2024 […] a situação do mercado vai ser avaliada, e só com a coordenação do Ministério das Finanças será avaliado um regresso ordenado ao mercado de capitais”, disse.

Em 26 de julho, o CEO Octavio Romero Oropeza disse a repórteres que o governo ajudaria porque “a dívida da Pemex é a dívida do país, elas andam juntas. Não faz sentido a Pemex dar dinheiro para as grandes financeiras, para os grandes bancos”, na forma de juros mais altos.

No dia seguinte, López Obrador disse que, se necessário, o governo contrairia dívidas para resgatar a Pemex.

O diretor financeiro, Carlos Cortez, disse à teleconferência que está sendo considerada mais ajuda do governo na forma de “outras medidas tributárias”.

“Neste momento, foi aventada a possibilidade de fazer transferências para o nosso capital social, e como confirmamos, com efeito, nestes dias vimos um importante aporte em dinheiro, que servirá para continuar fortalecendo nossa situação financeira, assumir compromissos de curto prazo relacionados a alguns vencimentos de dívidas que veremos nas próximas semanas”, afirmou.

Em 2021, a Pemex recebeu US$ 3,5 bilhões e US$ 5 bilhões em 2019. Em 2018, quando López Obrador assumiu o cargo, a dívida da empresa era de US$ 106 bilhões em termos nominais, em comparação com US$ 65 bilhões cinco anos antes. A Pemex é a petroleira mais endividada do mundo.

A Bloomberg informou que a última injeção veio com restrições, no entanto.

“O ministério pediu à Pemex que fizesse cortes de gastos nas despesas de capital e nas despesas operacionais neste ano em valor equivalente à injeção como condição para receber os recursos… ”, informou o relatório.

A Pemex reportou um lucro líquido no segundo trimestre de 25,4 bilhões de pesos, uma queda de 80% em relação ao ano anterior.

A receita caiu 42,5% para 414 bilhões de pesos “devido a uma queda de 45,1% nas vendas nacionais e de 39,4% nas vendas de exportação devido aos preços mais baixos do petróleo bruto e do petróleo registrados em todo o mundo”, segundo o relatório financeiro.

No início deste mês, a Moody's reduziu sua perspectiva para as classificações de crédito da Pemex de estável para negativa. Os títulos da Pemex são classificados como especulativos por duas das três maiores agências de classificação.

A Fitch Ratings rebaixou ainda mais o rating da empresa no início deste mês.

“A Pemex repudia as ações dessas agências. Elas continuam mentindo sobre a falta de apoio do governo e a falta de ações de sustentabilidade, apesar dos resultados positivos obtidos nesta gestão”, disse Romero.

Moody's, Fitch e S&P repetidamente disseram que a situação financeira da Pemex é insustentável.