Pemex recupera espaço perdido no mercado varejista de combustíveis do México

À medida que a petrolífera nacional Pemex consegue retornar ao mercado de varejo de combustíveis do México, as empresas privadas estão encontrando um espaço menor, mas mais estável, para crescimento, de acordo com o especialista do setor Alejandro Montufar Helu Jiménez.

“Mesmo que você veja mais marcas de combustível que não são da Pemex aparecendo todos os meses, a Pemex aumentará sua participação no mercado atacadista de combustíveis”, disse Montufar à BNamericas.

“A atividade [vista no lado privado] vai desacelerar”, apontou ele, acrescentando que isso se deve em parte às mudanças nas regras feitas pelo regulador do setor de energia CRE.

O CEO da empresa de pesquisa de mercado de combustíveis Petrointelligence falou com a BNamericas nesta quinta-feira (18) após sua apresentação na conferência anual do Encuentro Internacional de Energía de México (EIEM).

Montufar apresentou uma atualização das iniciativas da Pemex, lançadas em 2021 para recuperar a participação de mercado que a empresa havia perdido nos últimos anos.

Até as reformas estruturais do país de 2013-2014, a Pemex se beneficiava de um monopólio. Mas, em 2016, com a abertura dos primeiros postos de gasolina privados em 75 anos, o mercado explodiu e, no início de 2020, alguns analistas viram empresas privadas alcançando a maioria do mercado.

Desde então, o mercado mudou de curso, com a CRE desacelerando o processo de licenciamento e quase provocando uma parada a partir de 2020, devido à pandemia e à introdução de um código regulatório muito mais rigoroso.

A Pemex, por sua vez, tem se mantido ocupada com uma tentativa de reconquistar participação de mercado por meio da estratégia de oferecer grandes descontos em contratos de compra de longo prazo, expandir sua frota terrestre para transporte de combustível e modernizar os postos.

Desde o início da campanha, as vendas de diesel provenientes da Pemex saltaram de 60% para 80%, enquanto as vendas de gasolina subiram de 74% para 87%.

Fonte: Petrointelligence

IMPACTOS NO MIDSTREAM

A mudança de políticas regulatórias também está impactando o setor privado de midstream, com ações de CRE reprimindo o que foi visto como um período de crescimento de projetos privados de armazenamento de combustível em 2020.

Para Montufar, agora a CRE está pronta para acelerar o processo de licenciamento em toda a cadeia de valor. Ele espera que somente a Pemex receba 288 aprovações este ano, depois de apenas 114 aprovações em todo o setor em 2021.

Mas nem todas as empresas privadas pretendem continuar como importadores licenciados de combustível, acrescentou.

No ano passado, empresas de midstream como Monterra e Bulkmatic viram a CRE fechar temporariamente instalações de armazenamento e, em pelo menos um caso, por meio de uma operação conjunta com a guarda nacional.

As duas empresas já voltaram a operar e dois outros players de midstream podem se juntar a eles em breve, de acordo com Montufar.

“Elas foram banidas no México, mas a Trafigura conseguiu recuperar a permissão para importar e a Vitol está em negociações”, disse ele.

MAIOR CERTEZA

Na apresentação, Montufar disse que a indústria pode “esperar ter maior certeza nos procedimentos de vendas e marketing” após um período de oito anos com diretrizes de licenciamento pouco claras.

“Mudamos para uma estrutura legítima”, concluiu ele.

NOVO OBSTÁCULO 

Montufar citou uma regra que está em processo de revisão final pela agência reguladora Conamer, que forçaria os varejistas a bloquear suas cadeias de suprimentos no longo prazo.

“Os titulares de licenças genéricas e sem marca podem vender qualquer coisa”, disse Montufar. Com isso, os proprietários de postos poderiam trocar de fornecedor para fornecedor como quisessem.

A nova regra, no entanto, forçará esses titulares de licenças a enviar sua marca atual de combustível para aprovação da CRE dentro de 90 dias, e repetir o processo se quiserem mudar para um novo fornecedor.

Agora, “quando você tem um posto Shell e quer mudar para um posto Valero, precisa passar por uma aprovação da CRE”, explicou Montufar, “isso significa um mercado menos dinâmico”.